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Senado dos EUA votará medida contra proibição de viagens a Cuba

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Agência ANSA

WASHINGTON - Um grupo de senadores democratas e republicanos dos Estados Unidos apresentarão nesta terça-feira um projeto de lei para pôr fim à proibição de viajar a Cuba e para amenizar o embargo econômico que Washington impõe a Havana há mais de 45 anos.

A iniciativa será anunciada por 18 senadores, dos quais oito são democratas presidentes de comissões da Casa. A maior parte dos republicanos que defendem o projeto de lei provém de estados cuja principal atividade econômica é a agricultura. A flexibilização do embargo beneficiaria os produtores desses estados, que poderiam exportar a Cuba.

Também apoiam a iniciativa a Câmara de Comércio dos Estados Unidos e a organização humanitária internacional Human Rights Watch.

O projeto de lei, que foi revelado nesta segunda-feira pelo jornal The Washington Post, anula a proibição aos norte-americanos de viajar para Cuba diretamente dos Estados Unidos. Apesar das medidas em favor de Havana o projeto de lei não prevê o fim do embargo.

Diversos governos latino-americanos têm pedido ao presidente norte-americano, Barack Obama, que levante o embargo imposto a Cuba, durante a próxima Cúpula das Américas, que será realizada entre 17 e 19 de abril, em Trinidad e Tobago.

Há duas semanas Obama recebeu na Casa Branca seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe falou da necessidade de restabelecer a relação com Havana.

Obama estuda a possibilidade de anunciar o fim da restrição a viagens à ilha caribenha durante a Cúpula das Américas. O presidente, contudo, ainda não tomou uma decisão a respeito, segundo informa o jornal da capital norte-americana.

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton disse no último fim de semana, na Colômbia, que Obama ordenou a revisão da política de seu país em relação a Cuba. Entretanto, o atual vice-presidente, Joe Biden, esclareceu no sábado que Washington não prevê o fim do embargo comercial.

Em fevereiro, Obama anulou por decreto a proibição de envios de remessas à ilha por parte dos cubanos que vivem nos Estados Unidos, restrição que havia sido imposta por seu antecessor, George W. Bush.

O embargo norte-americano a Cuba foi feito em 1961, dois anos depois do triunfo da Revolução Cubana. Posteriormente, foi endurecido com novas medidas aprovadas.

Por sua vez, a organização humanitária Anistia Internacional (AI) defendeu hoje o fim do embargo a Cuba, e criticou o rascunho da declaração da Cúpula das Américas por não pedir a medida a Obama, que estará presente na ocasião.

A iniciativa dos senadores é apoiada, entre outros, pelo presidente da Comissão de Política do Senado, Byron Dorgan, pelo presidente da Comissão Bancária da Casa, Christopher Dodd, e pelo senador Richard Lugar, que é o principal republicano da Comissão de Relações Exteriores.

O senador Lugar, de Indiana, é um dos maiores entusiastas do fim do embargo. Em um relatório apresentado em fevereiro ao Congresso, ressaltou que "as sanções econômicas são uma ferramenta legítima na política exterior" norte-americana, mas, no caso de Cuba, "fracassaram" após 47 anos de aplicação.