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G-20 será primeira prova de fogo internacional para Obama

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Agência AFP

WASHINGTON - Raramente a estreia de um presidente americano no cenário internacional foi alvo de tamanha expectativa quanto no caso de Barack Obama, que debutará na cúpula do G-20, quinta-feira, em Londres, evento cuja agenda será dedicada à crise econômica mundial.

Obama passou os dois primeiros extenuantes meses de sua presidência em uma empreitada para fazer com que a pior recessão dos EUA em décadas não ofusque os projetos ambiciosos de sua jovem administração.

A partir de agora, Obama deverá responder não apenas aos apelos urgentes para uma ação internacional, que permita conter a crise, mas também apaziguar as divergências entre Europa e os EUA na maneira de proceder.

- O presidente Obama não enfrenta apenas seu maior desafio, estará pela primeira vez nesse tipo de cena internacional - comentou Steven Schrage, especialista do Center for Strategic and International Studies (CSIS).

- Ele faz isso após apenas algumas semanas de presidência, enquanto que muitos dos personagens-chave de sua equipe, em particular no Departamento do Tesouro, ainda não subiram a bordo. É um verdadeiro desafio para ele - acrescentou.

Antes da cúpula, Obama se esforçou para consolidar a idéia de que os EUA querem mais planos de reativação da economia e menos regulação financeira para enfrentar a crise, frente a uma Europa que deseja justamente o contrário.

- Não posso ser mais claro do que afirmando que não há dois campos. É um debate que não tem sentido - disse ele, recentemente.

Já os analistas das relações transatlânticas afirmam que, apesar do desejo dos países desenvolvidos e da vontade dos emergentes de mostrar uma frente unida no G-20, há diferenças relativas às prioridades de cada um.

- A administração Obama pressiona os europeus a gastarem muito mais, mas os europeus rejeitam - afirmou Kati Suominen, do German Marshall Fund of the United States, acrescentando que "há um tipo de fissura nesse nível".

- Sobre a regulação, os europeus estão muito animados (...) e querem utilizar a cúpula do G-20 como uma tribuna - completou Kati.

Os integrantes do governo Obama alegam que colocaram em prática um plano equilibrado e de grande envergadura para combater a crise, com medidas de reativação de US$ 787 bilhões e um projeto para livrar os bancos de seus ativos "tóxicos".

Na última sexta, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, insistiu, prudentemente, na reforma da regulação, antecipando a posição de Obama para o encontro de 2 de abril, em Londres.

- A Europa e o G-20 têm, nos EUA, um parceiro que quer trabalhar para conseguir (...) colocar a economia de pé e restabelecê-la, mas também para ter uma regulação mais estrita, de modo que não enfrentemos esses problemas de novo - disse Gibbs.

Assim como Obama, todos os líderes presentes no G-20 sofrerão intensas pressões para tomar medidas imediatas, devendo encontrar um meio de moderar as expectativas sobre um efeito instantâneo de suas decisões.

- Para pegar o exemplo dos Estados Unidos e de vários outros países: será necessário ter, eventualmente, novas legislações - comentou Matthew Slaughter, do Council on Foreign Relations. - Levará um tempo para que sejam adotadas pelos Parlamentos e postas em prática - lembrou.