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Mortes marcam eleições regionais na Turquia

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Jornal do Brasil

DA REDAÇÃO - Pelo menos seis pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas, em sua maioria nas áreas de população curda no leste da Turquia, no dia em que 48 milhões votaram para eleições regionais.

Durante o pleito que analistas acreditam ser um termômetro que mede a popularidade do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan um candidato a chefe de aldeia morreu em um tiroteio em Bezirci, na província sudeste de Sanliurfa. O acidente ocorreu durante um confronto entre duas famílias que concorriam pelo posto, cargo inferior ao de prefeito que é eleito nas menores localidades rurais.

O conflito envolveu dezenas de pessoas, que atiraram pedras e se enfrentaram com pedaços de pau e armas de fogo. Cerca de 27 pessoas foram hospitalizados com ferimentos de diferentes gravidades.

Dezenas de pessoas foram detidas pela gendarmaria (polícia militarizada) turca, devido aos incidentes.

Em Lice, na província de Diyarbakir, outro candidato a líder de aldeia morreu após sofrer uma parada cardíaca durante uma briga entre um adversário e sua família. Em Siginak, perto de Lice, uma pessoa morreu baleada em um conflito entre partidários de diferentes candidatos a chefe de aldeia.

Em um confronto em dois pontos do país, outras nove pessoas ficaram feridas, seis delas após serem baleadas, em disputas entre famílias pelo cargo administrativo.

Nas eleições para definir prefeitos e governantes de 16 cidades, 65 províncias, 892 distritos e 1.924 municípios, o premier Tayyip Erdogan venceu por vantagem estreita, o que torna mais difícil para o chefe de governo levar adiante reformas e projetos, como a candidatura turca a membro da União Europeia.

Diferentemente da expectativa de Erdogan, seu partido falhou em vencer em Diyarbakir, maior cidade no sudeste curdo, além de diversas outras localidades. A oposição teve êxito em Istambul, capital e maior cidade turca.

Com cerca 80% dos votos apurados, o AKP apresentava o apoio de 39,9% dos eleitores, enquanto o opositor Partido Republicano do Povo (CHP, de centro-esquerda) aparece em segundo, com 22,9%, seguido do Partido da Ação Nacionalista (MHP, de extrema-direita), com 15%.

A expectativa, de acordo com pesquisas realizadas antes do pleito, é que o AKP obtenha uma vitória com 40 a 48% dos votos. Em 2007 o partido venceu as eleições legislativas com 47% dos votos.

Uma vitória do partido reflete a aprovação de Erdogan pelos eleitores que continuam convencidos de que o premier é o melhor para liderar o país laico de maioria muçulmana diante da crise econômica global.

O partido tem enfrentado duras críticas da oposição que o acusa de ameaçar o sistema político secular da Turquia. Apesar dos problemas econômicos que o país enfrenta, o AKP cujos líderes são muçulmanos pretende centrar-se numa reforma democrática e ainda acordar um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional, na tentativa de ajudar a Turquia a se recuperar da crise.

Corpo a corpo

Nas últimas semanas, líderes do partido, especialmente o premier, andaram pelo país desdobrando-se em comícios políticos, para assegurar uma vitória nas eleições.

Apesar dos problemas econômicos e do aumento do desemprego serem alguns dos fatores que têm influência direta nos eleitores na hora de votar, Erdogan continua a ser o político mais popular na Turquia.

Uma das questões-chave que aguarda o primeiro-ministro é como resolver a questão sobre reforma legislativa e a relativa a uma nova Constituição.

Dentro do pacote de reformas parciais, as emendas constitucionais e mudanças em leis importantes, como a dos partidos políticos, a lei eleitoral que baixa o limiar nacional de representação parlamentar para 10% dos votos e a lei dos sindicatos.

Em entrevista ao site português Público, Yavuz Baydar, do influente diário Today's Zaman, alerta que o modo como decorrer o infame processo Ergenekon, que envolve uma conspiração militar e atos de terrorismo, também permitirá (ou não) ao AKP colocar o Exército sob total controlo civil .