Osmar Freitas Jr, JB Online
NOVA YORK - A estratégia de longo prazo do governo Obama para os palestinos passa necessariamente por Damasco e Teerã. Ao estabelecer novamente negociações diretas com a Síria e o Irã, os Estados Unidos vão procurar mudar a dinâmica do jogo no Oriente Médio.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, em sua sabatina de confirmação no Congresso, disse claramente que seguiria este caminho apontado pelo presidente ainda em campanha. E nesta jornada, ela contará com a companhia de vários países do mundo árabe, preocupados com a influência iraniana e de grupos radicais religiosos na região.
Da Arábia Saudita, passando pelo Egito, Turquia, Qatar, Marrocos, até a Líbia, existe disposição para a aceitação do Estado de Israel e o estabelecimento de relações diplomáticas normais, caso haja um acordo permanente que acomode as aspirações palestinas.
A Síria já vinha negociando secretamente com Israel até o fim do ano passado. O governo Bush participava timidamente desta iniciativa. Nos planos da nova direção do departamento de Estado estariam conversas diretas com o governo de Bashar Al-Asad, em Damasco. Os pontos altos seriam: normalização de relações diplomáticas, com a retirada do país da lista negra de aliados de terroristas, incentivos econômicos, e pressões para que Israel devolva a posse das Colinas de Golã.
Este último ponto se complicaria muito, caso Benjamin Netanyahu se eleja primeiro-ministro israelense. Na barganha entra o compromisso sírio de interrupção de ajuda militar e monetária a grupos como o Hamas e o Hezbollah. E ainda: a busca de acomodamento da situação política no Líbano, com cessação de interferências nos assuntos daquele país. Isso significaria também ajustes para a pacificação do Hezbollah.
Para Teerã já se fala na abertura de um escritório de representação dos Estados Unidos naquela cidade, nos moldes do que se tem agora em Havana. Seria uma demonstração de boa vontade americana. Mas as negociações envolvem obstáculo de ultrapassagem difícil: a questão nuclear.
Espera-se neste quesito a participação da Rússia, China e União Européia, numa tentativa de impedir que o Irã use a tecnologia atômica para construir um arsenal. Oferece-se em troca, o fim das sanções econômicas impostas pela ONU, a aceitação do país na Organização Mundial do Comércio, ajudas econômicas, tecnológicas e culturais, com o restabelecimento de relações diplomáticas normais com o Ocidente.
Os iranianos, além de renunciar o uso de energia nuclear para fins bélicos, terá de deixar de armar e financiar grupos radicais, e não tentar ingerências em governos como o do Iraque e do Líbano.