Agência AFP
BOGOTÁ - A presença de um avalista internacional, o principal obstáculo para a libertação de seis reféns em poder da guerrilha colombiana das Farc, foi superado depois que as partes aceitaram que o Brasil forneça a logística, afirmou a congressista Piedad Córdoba.
Ao mesmo tempo, o presidente colombiano, Alvaro Uribe, agradeceu neste sábado ao colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a disposição de facilitar a logística para a operação que vai dar a liberdade aos reféns.
- Muito obrigado (a Lula) que está ajudando a Cruz Vermelha Internacional. Vamos ver o que acontece. Esperemos - declarou Uribe à rádio Caracol, sem entrar em detalhes sobre a questão.
Piedad Córdoba - a quem os rebeldes anunciaram que entregariam de forma unilateral dois políticos, um policial e três militares - afirmou que as libertações acontecerãoe alguns dias e que ela e delegados da Cruz Vermelha estarão no grupo de recepção.
- Sim, eu penso que sim, porque as Farc não estão interessadas em prorrogar as coisas. Agora é apenas um problema logístico. Depende agora da logística do Brasil e vamos. Quem toma a decisão de quando devemos sair é o Brasil, quando tiver a logística - respondeu Córdoba aos ser questionada se com a participação do Brasil estava superada a exigência do avalista internacional.
O porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Ives Heller, não se arriscou a precisar uma data para as libertações.
- Teremos um ou dois helicópteros do Brasil, com pilotos brasileiros. Não podemos subestimar as dificuldades da organização logística. Dependeremos das condições climáticas, dos pilotos. Não se pode antecipar uma data - disse Heller.
Na sexta-feira, o embaixador do Brasil em Bogotá, Valdemar Carneiro, confirmou que o país fornecerá a logística para a anunciada libertação dos reféns.
- Vamos oferecer para esta operação os meios estratégicos, mas é uma operação que está sendo feita sob a responsabilidade da Cruz Vermelha Internacional - disse Valdemar Carneiro à imprensa.
As Farc anunciaram em dezembro a libertação de seis reféns em um gesto unilateral.
O diplomata acrescentou que 'quando fomos solicitados (para dar apoio) dissemos à Cruz Vermelha que sim, desde que o governo colombiano desse seu consentimento prévio'.
No dia 21 de dezembro, as Farc anunciaram a libertação unilateral dos políticos Alan Jara e Sigifredo López, de três policiais e um militar que integram o grupo de 28 sequestrados que a guerrilha pretende trocar por 500 militantes presos.
No início de janeiro, os rebeldes exigiram a presença de um avalista internacional na comitiva que receberia os reféns.
O presidente Alvaro Uribe chegou a pedir ao Vaticano que nomeasse um delegado, mas Córdoba lembrou que as Farc já vetaram no passado a participação da Igreja Católica nas negociações de paz.