ASSINE
search button

Morales diz ter "esperança" de que relações com EUA melhorem com Obama

Compartilhar

Agência ANSA

LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, confessou nesta quinta-feira ter "esperança" de que as relações com os Estados Unidos melhorem sob o governo de Barack Obama.

"Tenho muita esperança agora, com o novo presidente, de que possamos melhorar as relações diplomáticas, de comércio, e talvez até de cooperação. Sei que eles quase não precisam dos bolivianos, mas nós precisamos de todo o mundo", disse Morales.

Durante quatro horas, o presidente boliviano apresentou ao Congresso um extenso relatório de sua gestão, que completa hoje três anos. Na passagem dedicada às relações internacionais, Morales fez um paralelo entre sua chegada ao poder e a vitória de Obama.

"Depois de revisar a história dos afroamericanos, percebi que há muitas coincidências com o movimento indígena. Neste novo milênio, algo está mudando. Os mais discriminados e humilhados agora podem ser presidentes", afirmou.

Antes de elogiar Obama, porém, Morales voltou a direcionar pesadas críticas contra seu antecessor, o ex-presidente George W. Bush. Sob a administração do republicano, disse ele, "os Estados Unidos fizeram da Bolívia um Estado tutelado sob o aspecto controle militar e policial, sem soberania".

O presidente lembrou o suposto envolvimento do então embaixador norte-americano em La Paz, Philip Goldberg, nas manifestações promovidas pela oposição em setembro. "Os Estados Unidos enviaram um embaixador especialista em desintegrar Estados", afirmou.

Goldberg foi expulso do país por Morales, e em represália a Casa Branca suspendeu a Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (ATPDEA), por meio da qual o país andino exportava produtos têxteis ao mercado norte-americano livre de tarifas.

"Insultos"

Ao ouvir as declarações de Morales, o chefe da missão diplomática norte-americana no país, Kris Urs, abandonou a sessão. "É inaceitável este tipo de acusações, infundadas e falsas, e estes insultos dirigidos aos Estados Unidos", disse ele ao deixar a sede do Congresso.

"Lamentamos que o presidente siga usando os Estados Unidos como parte de seu jogo político interno. Não conseguimos entender como é possível que ele diga que quer relações melhores e ao mesmo tempo siga com acusações infundadas e falsas", acrescentou.