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Presidente da Itália pede a Lula revisão de asilo político a Battisti

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Agência ANSA

ROMA - O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, enviou uma carta pessoal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que expressa "profundo estupor e pesar" pela decisão de conceder ao ex-militante Cesare Battisti o status de refugiado político. O gesto foi elogiado por importantes figuras do cenário político do país.

O líder da bancada no Senado da coalizão Povo da Liberdade (PDL), Maurizio Gasparri, qualificou como "preciso" o posicionamento do presidente, "que faz seus os sentimentos e os pensamentos de todos os italianos".

"A este ponto, é inimaginável que o presidente Lula não leve em consideração as palavras do nosso chefe de Estado", comentou.

Outro expoente do PDL que aprovou a iniciativa do chefe de Estado é a deputada Isabella Bertolini. Para ela, a postura do governo brasileiro "indignou e ofendeu" a Itália.

Bertolini enfatizou ainda que as palavras de Napolitano "representam perfeitamente o sentimento de todos os italianos em relação a esta verdadeira injustiça com as vítimas do terrorismo".

Em um comunicado divulgado neste sábado, a presidência italiana afirma que a carta de Napolitano evoca "o sistema constitucional e jurídico italiano e as garantias que ofereceu e oferece ao perseguir também os responsáveis por crime de terrorismo".

"O chefe de Estado faz suas a vivíssima emoção e a compreensível reação que a grave decisão (do governo brasileiro) suscitou no país e entre todas as forças políticas italianas", diz o texto.

Battisti, hoje com 54 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos entre 1978 e 1979, quando era membro do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

Preso no Brasil desde 2007, o italiano recebeu na última terça-feira o status de refugiado político, o que permitirá a ele viver e trabalhar no país sem ser extraditado.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, baseou-se na "existência fundada de um temor de perseguição" contra Battisti em seu país. O italiano alega inocência.

A decisão, porém, provocou fortes manifestações de repúdio entre políticos italianos. O vice-prefeito de Milão, Riccardo De Corato, chegou a defender um boicote a produtos brasileiros, enquanto o senador Sergio Divina, vice-presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado, recomendou evitar o Brasil como destino turístico.