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CARACAS - Os venezuelanos votam no próximo mês em um referendo que poderá autorizar o presidente Hugo Chávez a disputar quantos mandatos quiser - desde que ele supere o ceticismo do eleitorado.
Presidente há uma década, Chávez diz que precisaria de mais tempo para consolidar a sua "revolução" socialista. Pelas atuais regras, ele precisaria deixar o governo em 2013, após cumprir dois mandatos de seis anos sob a atual Constituição.
"Não quero ficar no poder; há um projeto democrático, e o povo decidirá quem vai governar", disse ele a jornalistas durante visita a uma fazenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Chávez, de 54 anos, costuma dizer que gostaria de se aposentar e se mudar para o campo, mas que os seus partidários precisam dele pelo menos até 2019.
O Conselho Nacional Eleitoral decidiu na sexta-feira que o referendo ocorrerá em 15 de fevereiro. O eventual fim do limite valeria também para governadores e prefeitos.
Chávez tem pressa para realizar o referendo antes que a queda na cotação do petróleo afete a arrecadação do país e, consequentemente, os programas sociais que tanto contribuem com a sua popularidade. O governo já decidiu usar 12 bilhões de dólares das reservas para fortalecer as finanças públicas.
Desde que assumiu o cargo, em 1999, Chávez coleciona inimigos devido ao seu estilo político combativo, seu desprezo pelas instituições e seus ataques às velhas elites. Por outro lado, ele melhorou o padrão de vida da maioria pobre da população, e ainda é imensamente popular.
Apesar disso, não conseguiu convencer o eleitorado a lhe dar mais poderes - e o fim dos limites à reeleição - num referendo realizado no final de 2007. Uma nova derrota pode significar que a "revolução socialista do século 21" vai terminar dentro de quatro anos, já que ele não tem um sucessor óbvio dentro do seu movimento para enfrentar uma oposição eventualmente reorganizada.
-Tanto a oposição quanto o governo sabem que Chávez tem melhores chances de vencer do que outros candidatos. Por isso a oposição não quer que ele concorra, e o governo quer-, disse o cientista político venezuelano Edgardo Lander.