Agência ANSA
ROMA - A decisão brasileira de conceder refúgio ao ex-militante de extrema-esquerda italiano Cesare Battisti foi influenciada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, e por sua esposa, Carla Bruni, durante a visita do casal ao Rio de Janeiro no último mês de dezembro, afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT).
Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, Suplicy esclareceu que o casal presidencial francês conversou em particular com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo sua intervenção no caso.
Para Suplicy, a amizade de Carla Bruni com a escritora francesa Fred Vargas influenciou na decisão. Fred Vargas é amiga pessoal de Battisti e responsável por ajudá-lo a recolher materiais que provem sua inocência.
Fred "me contou que após o caso de (Marina) Petrella, convenceu Sarkozy que Battisti também deveria ser ajudado", contou o senador em referência à italiana, que era membro das Brigadas Vermelhas, cuja extradição da França para a Itália foi suspensa por motivos de saúde.
- O presidente francês, mesmo sendo muito amigo do (premier italiano) Silvio Berlusconi, estava convencido de que não iria criar nenhum embaraço - disse Suplicy ao jornal afirmando acreditar que "Battisti na Itália é um problema maior para Berlusconi do que Battisti no Brasil".
Battisti, de 54 anos, é acusado de cometer quatro assassinados na década de 1970, quando militava no grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Desde 2007 ele se encontra preso no Brasil.
O italiano sempre se declarou inocente, alegando ter sido condenado pela justiça italiana com base apenas no testemunho de um ex-companheiro do PAC, Pietro Mutti, que recebeu uma recompensa por sua delação.
- Estou chateado com as reações na Itália, mas tomamos a decisão certa. Estou pronto para pegar um avião e ir a Roma para explicar a decisão aos políticos italianos - afirmou o senador, explicando que a decisão brasileira "levou em conta, sobretudo, uma consideração: na dúvida que a condenação esteja correta, que prevaleçam as razões humanitárias".