Agência AFP
ARROYO CONCEPCIÓN - Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, inauguraram nesta quinta-feira, na fronteira entre os dois países, o primeiro trecho da ambiciosa estrada bioceânica que unirá portos brasileiros no oceano Atlântico a portos chilenos no Pacífico.
Sob um sol inclemente e em clima de festa, Lula destacou que o corredor bioceânico permitirá à Bolívia 'se afirmar como pólo estratégico da integração' na região sul-americana, além de ampliar 'as possibilidades de desenvolvimento para as populações atravessadas pela estrada'.
Rodeados por centenas de pessoas, Lula e Morales cortaram a fita simbólica que marcou a inauguração do trecho, que possui pouco menos de 250 km e liga Arroyo Concepción e Roboré, passando por El Carmen. O projeto consumiu um investimento total de 169,9 milhões de dólares.
Dois consórcios, liderados pelas empreiteiras brasileiras Odebrecht e Camargo Correa, foram responsáveis pela execução das obras, financiadas pela Corporação Andina de Fomento (CAF).
Para a ocasião, foi montado um cenário na circunvalação que marca o início de uma das estradas, em Arroyo Centenario, a poucos quilômetros da fronteira com o Brasil.
Lá, Lula e Morales também quebraram um vaso de barro, simbolizando o batismo da nova estrada, sob os aplausos da platéia.
O presidente brasileiro destacou que dos dois trechos restam agora apenas 82 quilômetros para completar o chamado corredor interoceânico.
- Os tres países (Bolívia, Brasil e Chile) estão agora mais próximos - disse Lula, expressando sua confiança de que 'ainda em 2009 estaremos novamente reunidos, junto com minha amiga (a presidente chilena Michelle) Bachelet para celebrar a conclusão desta estrada tão esperada'.
Para o governante brasileiro, o estabelecimento do corredor bioceânico será fundamental para unir o porto brasileiro de Santos, no litoral paulista, aos portos chilenos de Arica e Iquique, além de ter importante papel na integração dos povos dos países envolvidos.
Com a abertura das estradas, o trânsito de pessoas na região deve aumentar, e por isso, disse Lula, os dois governos devem dar 'prioridade à regularização de trabalhadores migrantes bolivianos e brasileiros'.
Depois da cerimônia em Arroyo Concepción, os dois governantes foram até o outro lado da fronteira, na cidade brasileira de Ladário, onde mantiveram uma série de reuniões e almoçaram na sede do Comando do 6º Distrito Naval.
Lula e Morales tiveram primeiro um encontro particular, ampliando posteriormente o diálogo ao resto de suas delegações ministeriais, para conversar sobre o andamento de projetos conjuntos entre os dois países.
Em especial, os dois presidentes discutiram medidas de combate ao narcotráfico na região da fronteira e também o financiamento brasileiro para a pavimentação de uma estrada entre Villa Tunari, em Cochabamba, e San Ignacio, em Beni, projeto que o governo boliviano considera prioritário.
Quanto à cooperação no combate ao narcotráfico, Lula disse que seu governo poderia ceder helicópteros 'para reforçar o controle e a proteção de nossas fronteiras', sugestão que Morales saudou como "um bom exemplo de integração".