Agência ANSA
LA PAZ - O cônsul de Israel na Bolívia, Roberto Nelkebaum, afirmou nessa quarta-feira que o setor mais afetado pelo rompimento das relações diplomáticas entre La Paz e Tel-Aviv será o turismo.
Nelkebaum, que disse ter ficado surpreso com a atitude do presidente boliviano, Evo Morales, acredita que o número de israelenses que visitam a Bolívia a cada ano, cerca de dez mil, será bastante reduzido.
- Isso afeta uma relação de muitos anos de amizade, de colaboração, de cooperação, de centenas de bolsistas bolivianos que estão em Israel; certamente essa decisão poderá afetar o turismo israelense na Bolívia - declarou o cônsul, em entrevista à rádio Fides.
Por sua vez, o chanceler boliviano, David Choquehuanca, garantiu que a decisão de Morales "não afetará em nada o país", pois não há acordos econômicos nem comerciais entre os dois Estados.
- Essa é uma medida que convoca Israel à retomada do diálogo, porque consideramos que um país não pode romper as normas de convivência pacífica - disparou.
O chanceler negou que a recente visita de uma delegação iraniana a Morales tenha influenciado na ruptura das relações entre Bolívia e Israel.
A medida de Morales chega uma semana após o seu par venezuelano, Hugo Chávez, ter expulsado o embaixador israelense de Caracas, Shlomo Cohen, em represália às ofensivas de Israel contra os palestinos da Faixa de Gaza.
Segundo o presidente boliviano, "os crimes cometidos pelo governo de Israel afetam a estabilidade e a paz mundial, e fazem o mundo reviver a pior etapa dos crimes de lesa-humanidade, cometidos na Segunda Guerra Mundial".
A notificação oficial da ruptura de relações diplomáticas com Tel-Aviv deve sair nos próximos dias.
O governo boliviano solicitará ainda que o presidente israelense, Shimon Peres, perca o Nobel da Paz concedido a ele em 1994. A medida de romper com o Estado de Israel foi seguida pela Venezuela, que foi o primeiro a expulsar um embaixador israelense.