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Sarkozy quer Brasil como membro do Conselho de Segurança

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Marsílea Gombata, Jornal do Brasil

RIO - Em sua primeira visita como chefe de Estado francês ao Brasil, Nicolas Sarkozy foi eloqüente em seus elogios ao Brasil a ponto de defender, sem pestanejar, a tese de que o país tenha um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Sou sincero quando digo que precisamos do presidente Lula como liderança declarou o presidente da França e do Conselho Europeu durante o 2º Encontro Empresarial Brasil-União Européia, para uma platéia de empresários dos dois países. Sou sincero quando digo que precisamos dele como membro permanente do Conselho de Segurança para enfrentar os desafios

do planeta.

As declarações, que lhe renderam palmas entre empresários, ministros e analistas das áreas de investimento e relações internacionais, são parte dos derretidos elogios ao Brasil que o presidente fazia questão de tecer, quando tinha oportunidade.

Aparentemente à vontade ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trocou comentários ao pé do ouvido ao longo do encontro de ontem, numerosas vezes Sarkozy quis deixar claro o quanto considera a importância do papel brasileiro na nova arquitetura geopolítica e financeira mundial:

A Europa não veio aqui dar lições esclareceu. O Brasil não é uma potência de amanhã; é uma potência de hoje.

A afinidade entre Sarkozy e Lula ficou clara, também, em relação a problemas e soluções para a atual crise financeira. O líder francês retomou o discurso do presidente brasileiro de que "finalmente chegou a hora da política" numa alusão à necessidade de se rediscutir e redimensionar o papel do Estado frente à economia para pedir apoio do parceiro latino-americano:

A Europa sozinha não pode transmitir essa mensagem adiante. O presidente da Comissão Européia (José Manuel Durão Barroso) fala bem português, mas é a França que tem fronteiras com ele brincou ao se referir à Guiana Francesa. Todos os países da Europa amam o Brasil, mas a França vai demonstrar como ela ama e respeita este país.

Aparentemente mais entusiasmados com as relações entre Brasil e União Européia do que entre Mercosul e bloco europeu, Sarkozy, Lula e Barroso, chefe do órgão executivo da UE, reforçaram que os países devem atuar de forma conjunta para minimizar os efeitos e dar uma resposta à crise atual e criar nova arquitetura da economia mundial.

Tendo em vista a próxima cúpula do G-20 e a Rodada Doha, os líderes sublinharam a importância de rejeitar o protecionismo e de evitar que países se voltem para si mesmos em épocas de incerteza financeira.

Dentro do classificado como "convergência nas posições entre Brasil e União Européia" no conjunto das "questões internacionais" por Sarkozy, a reforma das Nações Unidas assim como de seu conselho de segurança têm destaque.

Meio ambiente

Questões de caráter econômico e ambiental como biocombustíveis e emissão de gases estufa também entraram na agenda bilateral.

Lula saudou a UE pela opção de incluir energias mais "renováveis" em seus combustíveis, o que pode dar início à nova etapa de "trabalho conjunto com etanol e biodiesel".

O tema, para Barroso, pode levar o Brasil a se firmar como "líder global para as futuras gerações".

No setor climático, Brasil e UE trabalharão em conjunto para alcançar um acordo até 2009, quando ocorre a reunião pós-Kyoto em Copenhagen em prol da cooperação internacional na área de mudança do clima, nos marcos da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e do Protocolo de Kyoto.

Depois de saudar o plano brasileiro contra o desmatamento em que o Brasil se compromete a reduzir 71% do desmatamento alcançcado entre 1996 e 2005 ate 2017 Sarkozy se disse à disposição para ajudar o governo brasileiro "no que for preciso" para preservar a Amazônia.

Ainda no setor, os presidentes também saudaram os entendimentos em curso entre o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) para cooperação nas áreas de mudança do clima, energia, além de infra-estrutura.