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ISLAMABAD - O Paquistão pôs suas forças em alerta máximo depois que alguém fingindo ser o ministro de Relações Exteriores da Índia telefonou para o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, ameaçando desencadear uma guerra após a cidade indiana de Mumbai ter sofrido uma série de ataques terroristas, informou o jornal Dawn, neste sábado.
- É verdade - disse à Reuters um diplomata com conhecimento da situação, ao ser indagado se a reportagem estava correta.
O Dawn afirmou que a pessoa que telefonou no dia 28 de novembro ameaçou com ação militar a menos que o Paquistão agisse imediatamente contra os responsáveis pela matança em Mumbai, iniciada dois dias antes.
Nas 24 horas seguintes a Força Aérea do Paquistão, país que possui armas nucleares, foi colocada em "alerta máximo" enquanto os militares observavam ansiosamente qualquer sinal de agressão indiana, diz o artigo do jornal.
As tensões estão elevadas entre os dois países desde que a índia acusou militantes islâmicos baseados no Paquistão pelos três dias de ataques em sua capital financeira, nos quais 171 pessoas morreram.
- A guerra podia não ser iminente, mas não era possível correr nenhum risco - disse uma autoridade paquistanesa, segundo o jornal Dawn.
O episódio desencadeou intensa diplomacia internacional, sendo que alguns líderes ocidentais temiam que a índia e o Paquistão pudessem cair para uma guerra inesperada, disse o jornal.
O jornal afirmou que a pessoa que telefonou, dizendo ser o chanceler indiano, Pranab Mukherjee, também tentou ligar para a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, mas em razão de checagens específicas das autoridades norte-americanas a ligação não foi passada adiante.
Segundo o Dawn, Rice telefonou para Mukherjee no meio da noite para perguntar se ele havia adotado tal tom ameaçador, mas ele garantiu a ela que não tinha falado com Zardari.
O principal enviado britânico ao Paquistão, o alto comissário Wajid Shamsul Hassan, confirmou que o Paquistão temia um ataque.
- Recebi uma ligação de um amigo aqui no governo e ele disse que a situação é muito séria, os indianos estão ameaçando ir à guerra - afirmou Hassan ao serviço mundial de rádio da BBC.
- Eu conversei novamente com o presidente e o presidente também confirmou ter recebido uma ligação, uma ligação ameaçadora, da Índia - acrescentou.
Paquistão e Índia, que em 1998 se tornaram países com armas nucleares, quase foram à guerra em 2002 depois de um ataque de militantes ao Parlamento indiano, em 2001.
Mukherjee disse que suas discussões naquele dia com o chanceler paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, que estava na ocasião em Nova Délhi, tinham sido cordiais.
Houve frenéticos telefonemas entre Washington, Islamabad e Nova Délhi para esfriar a temperatura e na noite de 29 de novembro a calma havia sido restabelecida.
O jornal Dawn disse que a equipe de Zardari não realizou a costumeira checagem de ligações para o presidente, mas o governo afirmou que Zardari recebeu o telefonema depois de ter sido verificado adequadamente que sua origem era o Ministério de Relações Exteriores da Índia.
O jornal disse que autoridades indianas negaram que os telefonemas tenham tido origem no seu Ministério e disseram que o número pode ter sido manipulado, segundo analistas de segurança.