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WASHINGTON - O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, com o apoio de uma sólida maioria democrata no Congresso e uma opinião pública furiosa com a crise de crédito, terá a chance de reescrever as regras do sistema financeiro adotadas na 'era Greenspan'.
Pesquisas de boca-de-urna mostraram que a economia figurou como fator principal na clara vitória de Obama sobre o senador republicano John McCain, na terça-feira, dando ao novo presidente um mandato inquestionável para adotar uma nova postura em relação ao capitalismo, algo que Obama defendeu ao longo de sua campanha.
- Em um momento como este, não podemos arcar com mais quatro anos de gastos crescentes, cortes de impostos pensados de forma precária ou uma falta completa de supervisão reguladora, algo que mesmo o ex-presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA) Alan Greenspan agora acredita ter sido um erro - escreveu Obama em um artigo publicado nesta semana no jornal The Wall Street Journal.
Para os mercados financeiros dos EUA e de outros países que seguiram o exemplo das bolsas norte-americanas isso significa provavelmente uma enxurrada de leis com vistas a proteger os proprietários de imóveis e os devedores, ao mesmo tempo em que aumentariam as restrições para os bancos e para os investimentos que vendem.
Obama propôs ainda adotar um plano de estímulo ao crescimento econômico que incluiria gastos com obras de infra-estrutura. E o presidente eleito defende reformar a lei de falência a fim de ajudar os proprietários de imóveis e facilitar a reestruturação de hipotecas problemáticas.
Greenspan, um defensor convicto do livre mercado, recebeu o apelido de "o maestro" o mandato dele à frente do Fed coincidiu com um longo período de forte expansão da economia.
No entanto, mais recentemente, o ex-presidente do banco central tornou-se um símbolo da desregulamentação e um alvo de críticas por ter permitido que as instituições financeiras escapassem da supervisão do governo.
Enquanto os prejuízos acumulavam-se em todo o mundo, no final de outubro, Greenspan reconheceu ter errado 'parcialmente' ao resistir à intervenção do poder público para regulamentar alguns tipos de investimento.
- Os que, dentre nós, apostaram no interesse de autopreservação das instituições credoras para proteger o investimento dos acionistas eu em especial encontram-se em um estado de descrença - afirmou o ex-presidente do Fed ao Congresso.
Obama não terá o luxo do tempo. Há poucas dúvidas de que a economia norte-americana caminha para uma recessão, talvez a mais profunda desde os anos 70, e a economia global enfrenta o perigo real de sofrer sua primeira desaceleração em sete anos.
Líderes do mundo todo não vão esperar pela posse do novo presidente a fim de planejar a maior reforma do sistema financeiro global desde a Grande Depressão (nos anos 30). Obama, no entanto, não deve participar do encontro de 15 de novembro do Grupo dos 20 (que reúne países ricos e emergentes). A reunião foi convocada para discutir a crise financeira.
Os investidores não têm dúvida sobre a chegada de regras mais rigorosas.
- Os participantes do sistema financeiro como um todo deveriam ter em mente que o senador Obama enviou um sinal muito claro sobre pretender adotar uma agenda ativa como presidente - afirmou William Donovan, do escritório de advocacia Venable (de Washington) e ex-consultor-geral da Associação Nacional das Entidades de Crédito Federal dos EUA.