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Eleições EUA: campanha no olho do furacão

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Jornal do Brasil

RIO - Não mais os democratas, e sim Gustav: parece que o furacão, cuja chegada aos Estados Unidos é esperada para hoje, é agora o principal rival dos republicanos, e justo no auge da campanha presidencial.

Pelo menos é o que demonstra a mobilização dos membros do partido e, em especial, do presidente George Bush, que tem concentrado esforços para não repetir a tragédia e, sobretudo, os danos políticos provocados pelo Katrina, que destruiu Nova Orleans há três anos. Agora, Gustav promete fazer estrago parecido, e na mesma região: Louisiana é seu destino, dizem os especialistas.

Diante da catástrofe, os republicanos decidiram que a abertura de sua convenção, hoje, em St. Paul (Minnesota, Norte do país), será a mais reduzida possível. Haverá, provavelmente, apenas a abertura formal do evento e o estabelecimento do Comitê Nacional Republicano.

Bush não estará presente à convenção: vai ficar em alerta, no Texas, onde os trabalhadores de emergência fornecerão alimentos e abrigo para os desalojados. Ele decidiu não ir a Louisiana porque, segundo ele, não quer atrapalhar os planos de evacuação.

É a primeira vez, em 40 anos, que um presidente falta à convenção de seu partido. A decisão mostra o quão empenhado ele está em não repetir a atuação desastrosa de 2005, quando o governo foi acusado de morosidade no atendimento às vítimas do Katrina, que deixou 1.600 mortos.

Apesar do não cancelamento da Convenção Republicana, o candidato John McCain declarou que esta não representa mais uma festa política, como o previsto. Pelo contrário: ele disse que é provável que o evento transforme-se em um chamado da nação para a ação .

Devemos abandonar o uniforme de republicanos e vestir o de americanos afirmou.

Seu rival democrata, Barack Obama, por sua vez, não ficou calado: já anunciou, ontem, que irá pedir aos seus 2 milhões de doadores, registrados em sua lista de e-mails, que enviem dinheiro ou voluntários, para ajudar nas medidas de segurança para a passagem do Gustav.

Enquanto isso, a nova agenda da Convenção Republicana não foi de todo definida. Rick Davis, diretor de campanha de McCain, afirmou que a programação será remodelada dia a dia . O comitê republicano ofereceu levar de volta para casa, em aviões fretados, as comitivas dos Estados possivelmente afetados pelo Gustav. Os representantes de Louisiana aceitaram.

Deslocamento

Gustav abandonou Cuba e segue pelo Golfo do México com uma intensidade menor que a dos últimos dias: agora corresponde à categoria 3 na escala de Saffir-Simpson, que pode chegar até cinco. Especialistas afirmam, no entanto, que ele pode recuperar velocidade em contato com as águas quentes do golfo, e atingir a Louisiana na categoria 4, considerada muito perigosa.

Por isso, o prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, deu ordens de evacuação obrigatória, antes da chegada do furacão. O mesmo aconteceu em outras cidades do litoral do Golfo do México. Com isso, as estradas ao redor de Nova Orleans ficaram lotadas por todo o dia, sobretudo aquelas em direção ao Texas. O governo enviou centenas de ônibus para ajudar na remoção de pessoas que não poderiam fugir por conta própria.