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DOHA - Líderes rivais libaneses assinaram na quarta-feira um acordo para encerrar 18 meses de conflito político que quase provocaram uma guerra civil.
O Parlamento deve se reunir no domingo para eleger o general Michel Suleiman como presidente do país, disseram à Reuters assessores do presidente do Parlamento, Nabih Berri.
Representantes do governo, que tem apoio dos EUA, e do partido Hezbollah, apoiado pelo Irã e Síria, disseram à Reuters que as disputas sobre a nova lei eleitoral para 2009 e sobre um novo gabinete foram resolvidas ao longo dos seis dias de discussões sob mediação árabe no Catar.
O acordo também cede à antiga reivindicação da oposição por poder de veto no gabinete. O governo rejeitava essa cláusula, temendo que ela abrisse as portas a um recrudescimento da influência síria sobre o Líbano.
Neste mês o Hezbollah usou a força para expulsar seguidores do governo de algumas áreas, em incidentes que deixaram 81 mortos. Foi a pior crise no país desde a guerra civil ocorrida entre 1975 e 1990, exacerbando as tensões entre os muçulmanos xiitas (simpáticos ao Hezbollah) e os muçulmanos drusos e sunitas (que apóiam o governo).
O acordo permitirá que o Parlamento finalmente eleja o general Michel Suleiman como presidente, cargo vago desde o fim do mandato de Emile Lahoud, em novembro, já que não havia acordo sobre a sucessão.
- Hoje estamos abrindo uma nova página na história do Líbano - disse o dirigente governista Saad Al Hariri, cotado como futuro premiê no novo gabinete.
- Sei que as feridas são profundas, mas só temos uns aos outros - acrescentou.
Mohammed Raad, líder do Hezbollah, afirmou que o acordo vai ajudar a "fortalecer a convivência e a construção do Estado". Irã e Síria também elogiaram o acordo.
- Este é um compromisso que, se for bem usado pelos libaneses, pode se transformar em um acordo sólido - disse o comentarista Talal Salman, no jornal pró-oposicionista As-Safir.
- Ele corrige o equilíbrio numa fórmula sem vencedores nem vencidos.
Pelo acordo, as partes também se comprometem a não usar a violência nas disputas políticas, repetindo um parágrafo no acordo que havia suspendido os combates.