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ASSUNÇÃO - O governador eleito do departamento paraguaio de San Pedro, José Ledesma, afirmou na sexta-feira que será 'implacável' com os agricultores brasileiros assentados em sua região, a quem acusou de não respeitarem as leis e de destruírem o meio ambiente.
Cerca de 100 mil brasileiros e descendentes se dedicam à agropecuária no Paraguai, em regiões próximas à fronteira, o que gerou conflitos com organizações do campo que rechaçam os produtores estrangeiros.
Ledesma, um produtor de frutas, foi eleito governador de um dos departamentos mais pobres e cheio de conflitos do país no dia 20 de abril, e assumirá o cargo em 15 de agosto.
Trabalhadores rurais de San Pedro anunciaram há alguns dias que preparam a ocupação de 70 propriedades de agricultores brasileiros que cultivam soja e a quem acusam de destruir bosques e contaminar o ambiente com agroquímicos ilegais.
- Vamos defender a soberania paraguaia frente aos interesses estrangeiros e seremos implacáveis com a aplicação da lei - disse Ledesma à rádio Primero de Marzo.
- Não vamos invadir nenhuma propriedade, mas vamos exigir o fim dos privilégios para estrangeiros.
Ledesma participou na quinta-feira de uma marcha de trabalhadores rurais que repudiaram a crescente presença de agricultores brasileiros em San Pedro e anunciaram o início de uma 'luta para expulsar traidores e estrangeiros que tomam terras', enquanto queimavam uma bandeira brasileira.
O embaixador do Brasil em Assunção, Valter Pecly Moreira, lamentou a atitude dos trabalhadores rurais e demonstrou sua preocupação com as declarações do futuro governador.
- Recebo isso tristemente, a bandeira é o símbolo mais importante de um país, e porque os povos de Brasil e Paraguai são vizinhos, irmãos e têm muitas afinidade - disse ele a um canal de televisão local.
- Nesse sentido, me preocupam as declarações do governador eleito com esse tipo de atitude, que espero seja algo isolado - completou.
Ledesma afirmou que conta com o apoio do presidente eleito Fernando Lugo, com quem se reuniu dias atrás.
- Esta não é só a posição do governador, é a posição do presidente eleito -- aplicar as leis, que se respeite a soberania paraguaia e que o que é nosso seja recuperado - afirmou.