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Chuva agrava crise em Mianmar; número de mortos passa de 77 mil

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REUTERS

KUNYANGON - Uma chuva torrencial castigou as vítimas do ciclone Nargis na sexta-feira, enquanto a junta militar que governa Mianmar admitiu que mais de 130 mil pessoas morreram ou estão desaparecidas.

Segundo a televisão estatal de Mianmar, 77.738 morreram vítimas do ciclone até agora e 55.917 estavam desaparecidas. O desastre é quase equivalente ao ciclone de 1991 no país vizinho Bangladesh, que matou 143 mil pessoas.

O ciclone do início de maio deixou também cerca de 2,5 milhões de pessoas lutando pela sobrevivência no delta do Irrawady, onde milhares de desabrigados pedem por ajuda em beiras de estradas, na ausência de políticas amplas de ajuda do governo ou missões de auxílio internacional.

Na cidade atingida de Kunyangon, cerca de 100 quilômetros de Yangon, homens, mulheres e crianças esperavam na lama e na chuva, implorando por ajuda no caso da passagem de algum veículo.

- A situação piorou em dois dias - disse um voluntário de ajuda enquanto diversas crianças pediam ajuda em seu veículo.

As súplicas das vítimas expõem a fragilidade do governo militar em sua tentativa de ser o principal prestador de socorro para a população afetada pelo ciclone, que alagou uma área do tamanho da Áustria.

Grupos de ajuda, incluindo agências da Organização das Nações Unidas (ONU), dizem que apenas uma parte dos alimentos necessários, água e materiais de abrigo conseguem chegar às vítimas. E, a não ser que a situação melhore, milhares de vidas ainda estão em risco.

A avaliação precisa do quadro em Mianmar é difícil de ser feita, principalmente pela proibição ao acesso de jornalistas e equipes internacionais de socorro.

Generais da junta insistem que suas operações de socorro estão funcionando sem problemas, justificando assim a recusa por uma ajuda internacional maior.

Com a intensificação da pressão internacional sobre os generais, autoridades da União Européia foram para Yangon para pedir mais acesso aos funcionários de auxílio internacional para evitar que a taxa de mortes atinja níveis ainda mais altos.

Entretanto, assim como muitos enviados antes dele, Louis Michel, da UE, voltou de mãos vazias mas continuou a fazer apelos para a junta, para que ela contenha seu orgulho e admita ajuda internacional antes que seja tarde.

- O tempo é a vida - disse ele a jornalistas no aeroporto de Bangcoc. - Nenhum governo no mundo pode lidar com um problema assim sozinho. Esta é uma catástrofe enorme.