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Palestinos guardam luto enquanto Bush festeja 60 anos de Israel

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REUTERS

GAZA - Enquanto o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, celebrava nesta quarta-feira os 60 anos da fundação de Israel, Ahmed Abdallah lembrava no mesmo dia um evento importante para ele: os 60 anos desde que forças judaicas mataram seus parentes e o obrigaram a se exilar.

- Eu via minha mãe aos prantos todas as vezes em que se lembrava da nossa família sendo massacrada - contou o professor palestino aposentado, que desde 1948 mora no campo de refugiados de Jabalya, na Faixa de Gaza.

Naquele ano, uma bomba matou a maior parte de seus familiares no momento em que fugiam de um vilarejo do norte da Faixa de Gaza, então sob ataque. Abdallah, com 2 anos de idade, ficou ferido. Porém, ele e sua mãe sobreviveram, unindo-se aos mais de 700 mil outros palestinos que se tornaram refugiados após a expulsão de casas que ficavam dentro de Israel.

Esta semana, enquanto Bush comemora os 60 anos da criação do Estado judaico e tenta fazer avançar negociações de paz frágeis, os palestinos observarão luto pela 'Nabka', ou 'catástrofe', que caiu sobre seu povo.

Grupos de centenas de pessoas realizaram passeatas nesta quarta-feira a fim de chamar atenção para o sofrimento dos refugiados e de seus descendentes, 4,5 milhões dos quais hoje moram na Cisjordânia ocupada por Israel, na Faixa de Gaza ou em locais ainda mais distantes, muitos em condições bem precárias.

Alguns manifestantes na Cisjordânia atiraram pedras contra soldados e policiais israelenses. E foram feridos por tiros de borracha.

Gritando: 'Queremos voltar à Palestina', cerca de mil palestinos de campos de refugiados do sul do Líbano protestaram na fronteira israelense.

Mahmoud al-Zahar, uma autoridade do Hamas, em declarações dadas na Faixa de Gaza, disse que Bush era um hipócrita malvisto na Terra Santa.

- A visita de Bush é inaceitável. Ele veio para celebrar os 60 anos de nosso massacre - afirmou.