Carlos Alberto Quiroga, REUTERS
LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, tentará firmar um pacto político e econômico amplo com a oposição conservadora abrigada nos governos departamentais do país antes de um referendo de confirmação de mandato marcado para o dia 10 de agosto, afirmou nesta terça-feira um importante membro do governo.
Mas o eventual acordo não significará necessariamente a suspensão do processo confirmatório dos mandatos do presidente e de nove governadores de Departamento, processo esse iniciado na segunda-feira, avisou o vice-ministro de coordenação governamental, Héctor Arce.
O acordo permitiria a Morales - um admirador do dirigente venezuelano, Hugo Chávez - cumprir sua promessa de 'refundar' o país com uma Constituição que dê mais poder à maioria indígena e estatize a economia sem deixar de, ao mesmo tempo, atender às demandas por autonomia feitas pela oposição em vários Departamentos.
O referendo confirmatório apareceu em cena na quinta-feira passada por meio de uma decisão inesperada do Senado, controlado pela oposição, justamente quando Morales, o primeiro presidente indígena do país, convocava os governadores ao diálogo. Alguns desses governadores levam adiante processos de autonomia responsáveis por impedir a aprovação de uma nova Constituição 'plurinacional'.
Arce, um dos mais fiéis aliados do presidente, disse à rádio Erbol que o pacto foi proposto na segunda-feira a cinco governadores que se reuniram com Morales, em um encontro do qual participaram a Organização dos Estados Americanos (OEA) e os governos da Argentina, do Brasil e da Colômbia.
O funcionário confirmou que os quatro governadores que convocaram referendos para dar maior autonomia a seus Departamentos não participaram do encontro com Morales, mas observou que seriam informados da proposta e poderiam aderir a ela a 'qualquer momento'.
- No entanto, um acordo não substituirá o referendo confirmatório. No caso de haver um acordo, o referendo dará ao povo a oportunidade de ratificar essa disposição ao diálogo - afirmou Arce.
O pacto proposto pelo governo abarca todos os temas defendidos pelos quatro governadores autonomistas, os quais afirmaram por intermédio de porta-vozes que se reunirão nos próximos dias a fim de decidir sobre sua participação no diálogo e tomar uma posição a respeito do referendo confirmatório.
De outro lado, os cinco governadores que se reuniram com Morales - dois oposicionistas e três governistas - disseram estar prontos para submeter-se ao referendo, apesar de questionarem as regras do processo.
Por essas regras, Morales ou qualquer um dos nove governadores perderá seu mandato se receber um número de votos contrários maior que o número e a porcentagem de votos com que foi eleito em dezembro de 2005.