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GREENVILLE - Os democratas Barack Obama e Hillary Clinton reiteraram na segunda-feira suas diferenças a respeito de um imposto sobre a gasolina, na véspera das importantes eleições primárias de Indiana e Carolina do Norte.
Ambos disputam especialmente o eleitorado operário e lançaram novos anúncios de TV atacando-se mutuamente.
Hillary defende nas últimas semanas que um imposto sobre a gasolina seja suspenso durante os meses de verão, algo que Obama considera demagogia eleitoreira. No novo anúncio, a campanha de Hillary diz que o adversário ataca essa proposta "porque não tem nenhuma".
- O senador Obama não quer fazer nada - disse a rival durante comício numa faculdade em Greenville, na Carolina do Norte.
- Você não contrata um presidente para fazer discursos. Você contrata um presidente para resolver problemas.
O comitê de Obama reagiu com um anúncio em que acusa Hillary de oferecer "mais das mesmas velhas políticas negativas".
- Não há um só economista ou editorial que eu tenha lido que diga que [a suspensão do imposto] seja uma boa idéia, e a razão é que [a idéia] não está sendo honesta para com o povo norte-americano - disse Obama ao programa "Today", da NBC.
- As pessoas não precisam de um alívio simbólico, precisam de um alívio real.
Com um total de 187 delegados, Indiana e Carolina do Norte são os principais Estados ainda com disputas por realizar. Depois, restarão primárias em apenas seis lugares. Até agora, Obama lidera na contagem de delegados para a convenção nacional de agosto, que escolherá o candidato do Partido Democrata que vai enfrentar o republicano John McCain na eleição presidencial de novembro.
As votações de terça-feira terminam respectivamente às 19h e 19h30 em Indiana e Carolina do Norte (20h e 20h30, pelo horário de Brasília). Os resultados devem sair logo em seguida.
As pesquisas indicam favoritismo de Hillary em Indiana e de Obama na Carolina do Norte.
Uma dupla vitória de Obama praticamente selaria sua candidatura, enquanto um duplo triunfo de Hillary alimentaria as dúvidas quanto às chances do senador na disputa de novembro.
A campanha de Obama enfrentou dificuldades nas últimas semanas por causa de polêmica envolvendo seu ex-pastor Jeremiah Wright e de uma frase do candidato sobre a "amargura" dos moradores de pequenas cidades.
Obama disse a eleitores de Durham, na Carolina do Norte, que esses recentes tropeços "basicamente esgotam meus problemas", e que ele já os superou. O senador atribuiu as dificuldades à sua condição de favorito.
- A senadora Clinton, apesar de dizer que já foi testada, não passou pelo que passei nos últimos dois meses, porque ela não é a favorita - afirmou.
Aproveitando que o 5 de maio é uma data histórica para o México (marca uma vitória sobre forças francesas), McCain lançou em Phoenix, no Arizona, um site em espanhol. O candidato disse que os republicanos poderão recuperar neste ano o apoio do eleitorado hispânico, que é cada vez mais importante em vários Estados eleitoralmente estratégicos.
As propostas de novas leis sobre a imigração e o ríspido tratamento dado aos imigrantes clandestinos são fatores que levaram muitos hispânicos dos EUA a se afastarem dos republicanos.
Mas o próprio McCain apoiou, na época desse debate, uma proposta que facilitava a legalização de milhões de imigrantes, o que desagradou a muitos conservadores -- a base do eleitorado republicano.
Posteriormente, o senador disse que a prioridade deveria ser a segurança na fronteira.
- Acredito que a maioria dos hispânicos compartilha nossa opinião de que a fronteira deve ser vigiada antes de mais nada. Mas eles também querem que tenhamos uma atitude, como acho que a maioria dos norte-americanos, de que [os imigrantes ilegais] são também filhos de Deus e devem ser cuidados, que a questão deve ser tratada de forma humana e com compaixão.