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Ex-vice de Saddam será julgado nesta terça-feira no Iraque

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REUTERS

BAGDÁ - O ex-vice-premiê iraquiano Tareq Aziz será julgado na terça-feira pela execução de dezenas de comerciantes em 1992.

Esta é a primeira vez que Aziz, de 72 anos, que atuou como ministro das Relações Exteriores, será alvo de acusações desde que se entregou às forças norte-americanas em abril de 2003.

Os mercadores eram acusados de aumentar os preços de produtos importantes, violando o controle de preços implementado pelo Estado iraquiano quando o país sofria com as sanções da ONU, impostas devido à invasão do Kuwait em 1990.

O advogado de Aziz disse que as acusações contra seu cliente não têm fundamento.

Único cristão no círculo de Saddam, Aziz virou figura importante na mídia internacional à época da invasão do Kuwait e da crise que a sucedeu.

Ele desempenhou um brilhante papel diplomático nas vésperas da Guerra do Golfo, quando era ministro das Relações Exteriores, exibindo inglês sem falhas, personalidade forte e habilidade para negociar.

Havia sete outros réus no caso, antes de o Alto Tribunal Iraquiano incluir os meio-irmãos de Saddam Watban Ibrahim al-Hassa, ministro do Interior na época das execuções, e Sabaawi Ibrahim al-Hassan, ex-autoridade de segurança, segundo o porta-voz da corte, Aref Shaheen.

Um ex-ministro do Comércio e o chefe do Banco Central também enfrentarão o julgamento.

- Não há acusação crível contra Aziz - disse seu advogado, Badia Arif, à Reuters.

- Só porque ele era membro do Conselho do Comando Revolucionário (de Saddam), responsável pelas sentenças de morte, o julgamento assume que ele seja culpado.

Outro réu é o primo de Saddam Hussein, Ali Hassan al-Majeed, apelido "Ali Químico". Majeed foi condenado à morte em junho por seu papel da campanha de "Antal", nos anos 1980, na qual dezenas de milhares de curdos foram mortos.

As apelações têm adiado a execução de Majeed, chamado de "Ali Químico" pelos oponentes de Saddam devido ao uso de gás venenoso em vilarejos curdos.

O Alto Tribunal Iraquiano foi formado para julgar os antigos membros do governo de Saddam, executado em dezembro de 2006, depois da condenação por crimes contra a humanidade pela morte de 148 homens e meninos xiitas depois de uma tentativa de assassinato em 1982.

Aziz, que se queixa da saúde, foi testemunha nos julgamentos de outros membros do governo. Ele é cristão caldeu, o maior grupo cristão no Iraque, e sua presença no governo era interpretada como um sinal de tolerância religiosa por parte de Saddam.

Quando se entregou, duas semanas depois da queda de Saddam, ele era o 43o lugar na lista de mais procurados pelos Estados Unidos.