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Tropas australianas chegam a Timor Leste para reforçar segurança

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REUTERS

DÍLI - Tropas australianas começaram a chegar na terça-feira a Timor Leste para ajudar na implantação de um estado de emergência, decretado depois do atentado que deixou o presidente José Ramos-Horta gravemente ferido.

Além dos soldados, a Austrália também enviou um navio militar para a costa ao largo de Dili.

Ramos-Horta foi levado para Darwin (norte da Austrália) e, segundo os médicos, será mantido sob aparelhos até a semana que vem. Ele sofreu ferimentos no peito, nas costas e na barriga, e deve voltar a ser operado nas próximas 24 a 36 horas.

- Sua condição permanece extremamente séria, mas, ao mesmo tempo, estável - disse Len Notaras, gerente do Real Hospital de Darwin. 'Ele ficará em coma induzido pelo menos até quinta-feira, na UTI até domingo ou segunda-feira da semana que vem.'

A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que 11 pessoas foram interrogadas em relação ao ataque de segunda-feira, no qual um líder rebelde também foi morto, e que as forças internacionais de segurança reagiram prontamente.

- As investigações serão extensas e contínuas, mas esperamos apresentar o primeiro relatório sobre os progressos ao procurador-geral nesta tarde ou amanhã de manhã - disse Finn Reske-Nielsen, chefe interino da missão da ONU, em entrevista coletiva.

Dois aviões, levando um total de 120 soldados australianos, além de equipamentos, pousaram no fim da tarde de terça (madrugada no Brasil), em Dili, a capital.

O presidente interino da ex-colônia portuguesa, Vicente Guterres, declarou estado de emergência e pediu calma à população.

O primeiro-ministro Xanana Gusmão escapou ileso de outro atentado, logo depois do ataque a Ramos-Horta.

Cerca de 1.600 policiais a serviço da ONU, apoiados por cerca de 1.000 soldados australianos, patrulham Dili e outras cidades.

Há temores de novos ataques dos soldados rebeldes, apesar de seu líder, Alfredo Reinado, ter sido morto no atentado à casa do presidente.

- O governo de Timor Leste está firmemente no controle - disse o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, que vai nesta semana ao pequeno país.

O comandante militar timorense, general Taur Matan Ruak, pediu uma investigação sobre os incidentes de segunda-feira e questionou o papel das forças internacionais.

- Houve uma falta de capacidade demonstrada pelas forças internacionais, que têm a responsabilidade primária pela segurança dentro de Timor Leste - disse ele em entrevista coletiva, na qual também pediu que a mídia e a opinião pública pressionem os seguidores de Reinaldo, agora refugiados nas matas, a voltarem a negociar.

Escolas, empresas e órgãos públicos funcionaram normalmente na terça-feira.

O estado de emergência proíbe reuniões e protestos, e há um toque de recolher em vigor entre 20h e 6h.

Ramos-Horta, 58 anos, dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 1996 com o bispo Carlos Belo, pela luta pacifica deles pela independência de Timor, então sob ocupação indonésia.

Ele foi baleado na manhã de segunda-feira (noite de domingo no Brasil) quando fazia exercícios em sua casa.

O governo disse ter havido uma tentativa de golpe promovida por Reinaldo.