Agência EFE
LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou na última quinta-feira que o projeto constitucional que seu Governo defende não será modificado e admitiu apenas uma "compatibilização" com os estatutos de autonomia apresentados em quatro regiões.
A afirmação representa uma mudança de rumo em relação a terça-feira. Na ocasião, o Governo havia anunciado um acordo preliminar com os governadores do país, seis deles de partidos de oposição, para discutir os temas mais polêmicos do projeto constitucional.
Em entrevista coletiva na residência presidencial, Morales disse que os constituintes é que devem decidir se há possibilidade de fazer essa "compatibilização".
- Compatibilizar seria o termo, e não melhorar, nem mudar - declarou Morales sobre o projeto de Constituição.
Vários constituintes, da bancada do Movimento Ao Socialismo (MAS, governista), entre eles o influente dirigente camponês Román Loayza, lembraram hoje que a Assembléia já entregou o texto constitucional ao Governo e ele não pode ser mudado a pedido de Morales ou do Congresso.
A revisão do polêmico documento é uma exigência dos governadores e dos líderes de partidos de oposição. Eles argumentam que o projeto só representa metade do país, e foi aprovado com a violação das normas da Assembléia, em meio a distúrbios que causaram três mortes.
Além de ignorar o projeto, os governadores de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija apresentaram estatutos de autonomia que o Governo considerou federalistas e até separatistas.
O presidente Morales e os governadores discutiram o texto constitucional, os estatutos e uma lei que reduz o orçamento das nove regiões, na segunda e na terça-feira. Na madrugada de terça, o porta-voz presidencial, Alex Contreras, anunciou, entre outras coisas, um acordo preliminar para "uma revisão dos temas que criaram conflito".
Morales e os governadores voltarão a se reunir na próxima segunda-feira para falar da posição dos constituintes e das reuniões técnicas realizadas para buscar uma solução.