Agência EFE
HAVANA - A nomeação do líder cubano Fidel Castro como candidato ao Parlamento do país abriu hoje as portas para sua possível reeleição como presidente de Cuba em 2008.
Fidel, que sofre de uma grave doença desde julho de 2006 e que o mantém afastado do poder, foi nomeado hoje pelo município de Santiago de Cuba (leste) como membro da lista de aspirantes ao Parlamento, que terá suas eleições em 20 de janeiro do ano que vem.
A inscrição de Fidel não implica a renovação de seu mandato, mas sua exclusão teria significado seu afastamento do poder formal do Estado depois de 50 anos.
Se Fidel for eleito em janeiro, sua continuidade à frente do Governo da ilha será determinada em março de 2008 na Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba (Parlamento), que designará os novos Conselhos de Estado e de Ministros.
O general Raúl Castro, irmão de Fidel e líder provisório desde que este se afastou da Presidência cubana, foi nomeado pela divisão da II Frente Oriental Frank País presente em Santiago de Cuba.
Em Havana, outros membros do Governo cubano foram nomeados para as listas, como o vice-presidente cubano, Carlos Lage, e o presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba, Ricardo Alarcón.
O processo eleitoral em Cuba, que começou em outubro com as eleições municipais, transcorreu até agora sem surpresas e, embora ainda não se saiba qual o futuro papel de Fidel Castro, de 81 anos, altos dirigentes mostraram seu apoio à reeleição do chefe da Revolução Cubano.
- Eu votaria com as duas mãos para que Fidel voltasse a ser presidente do Conselho de Estado - disse neste domingo Alarcón.
O vice-presidente Lage se mostrou convencido de que Fidel será reeleito "pelo imenso carinho, respeito e consideração" que o povo cubano tem por ele.
Desde seu afastamento do poder, Fidel se manteve presente no cotidiano dos cubanos por meio de artigos de opinião sobre temas internacionais, nos quais raramente se refere a seu estado de saúde ou aos problemas internos de Cuba.
As últimas imagens do líder cubano foram divulgadas no programa "Alô Presidente" realizado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, na cidade cubana de Santa Clara em meados de outubro.
Para a dissidência interna, a nomeação de Castro e a possibilidade de sua reeleição como máxima autoridade do país alimenta a imobilidade do sistema.
Segundo Elizardo Sánchez, líder da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), esta nomeação "reflete a decisão de continuar reproduzindo um modelo totalitário de Governo em Cuba".
- O comandante Fidel Castro foi durante anos o principal obstáculo para reformas de modernização em nosso país - acrescentou Sánchez em declarações à Agência Efe.
O dissidente cubano se mostrou convencido de que "a imensa maioria dos funcionários do regime deseja reformas e, agora, a influência de Fidel vai diminuir".
Para Miriam Leyva, co-fundadora do movimento Damas de Branco, a nomeação de Fidel Castro confirma que "há um freio para a realização de reformas muito necessárias em Cuba neste momento", mas espera que "as grandes necessidades do povo cubano" sejam finalmente compreendidas.
As Assembléias Municipais do Poder Popular de Cuba nomearam hoje os candidatos às 614 cadeiras do Parlamento nacional e a 1.200 postos nas assembléias provinciais.
Entre os nomeados até agora estão também o comandante Juan Almeida; os ministros do Interior, Abelardo Colomé Ibarra; da Saúde, José Ramón Balaguer; do Açúcar, Ulises Rosado del Toro, e o ex-ministro da Cultura Armando Hart.