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Elisa se vê como 'Davi' no pleito argentino

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Agência EFE

BUENOS AIRES - A candidata da Coalizão Cívica à Presidência da Argentina, Elisa Carrió, disse que se sente 'Davi' na disputa deste domingo contra a primeira-dama argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e que considera que o país deve ter "uma estratégia complementar com o Brasil".

- Somos duas mulheres com projetos políticos diferentes. Uma expressa um modelo de concentração de poder, de hegemonia. E a outra representa uma liderança claramente republicana. Somos Davi e Golias. E a Argentina terá de escolher se é autoritária ou republicana - afirmou.

Esta é a segunda - e última, assegura - tentativa de "Lilita", como Elisa é conhecida popularmente, de chegar à Casa Rosada.

Em 2003, como candidata do centro-esquerdista Afirmação para uma República Igualitária (ARI), obteve apenas 14,15% dos votos.

Agora, afirma, chega ao pleito "com a maturidade dos 50" anos e a "serenidade" do apoio de uma coalizão ampla, formada por integrantes de diversas forças políticas.

- Não penso em categorias de cunho ideológico. Tanto a centro-esquerda como a centro-direita roubaram. As únicas condições exigidas para alguém integrar a Coalizão Cívica é ter decência e ser profundamente republicano. Com isso, podem vir tanto da centro-esquerda como da centro-direita sem problemas - assegura, com um discurso muito mais moderado que no passado.

Em termos econômicos, sua meta é transformar "em desenvolvimento" o crescimento econômico experimentado pela Argentina ao longo dos últimos cinco anos, após a crise de 2001 e 2002.

- Não importa que (a economia) cresça 9%, importa que cresça 6% ou 7% durante 15 anos - afirma, antes de indicar que seu país precisa de "uma política monetária e fiscal muito mais ordenada" para combater a inflação.

Outro problema pendente é o energético. Elisa tem um ambicioso plano de trabalho para 12 anos, com investimentos anuais de US$ 2,3 bilhões entre públicos e privados, para desenvolver novas fontes de energia e assim deixar de depender de hidrocarbonetos.

A escassez de gás natural na Argentina levou o país a períodos de crise nos últimos três anos e a cortar suas exportações de gás, particularmente do Chile, o que estremeceu a relação bilateral com o país vizinho.

- Vamos melhorar essa relação, mas tanto o Chile como a Argentina têm de estar conscientes de que não há energia - diz Elisa, que também promete "restabelecer a irmandade" com o Uruguai.

A Argentina mantém aberta uma queixa diplomática contra Montevidéu pela instalação de uma fábrica de celulose às margens do rio Uruguai, na fronteira entre os dois países.

Neste sentido, a candidata disse que se chegar à Presidência vai negociar com Montevidéu uma solução para o conflito, embora sem retirar a queixa que em 2006 a Argentina abriu na Corte Internacional de Justiça.

Com relação aos Estados Unidos, Elisa declarou que "pode até não estar a favor do que esse país faz no Iraque", mas que está sim no que diz respeito à "colaboração na luta contra as drogas e em questões multilaterais".

Elisa assegurou não estar de acordo com a idéia de que Venezuela, Bolívia e Equador, países com os quais a Argentina manteve boas relações nos últimos anos, sejam o "eixo do mal", embora tenha esclarecido que a "América do Sul tem de ser republicana e ficar livre de populismos autoritários".

- É possível ser contra (o presidente dos Estados Unidos, George W.) Bush e contra (o presidente venezuelano, Hugo) Chávez - afirmou.

Elisa considera que a Argentina deve "seguir uma estratégia complementar com o Brasil", e que ambos os países devem "ser conscientes do papel relevante que possuem na América do Sul".