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Porto-riquenhos lembram tomada da Estátua da Liberdade

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Agência EFE

NOVA YORK - A comunidade porto-riquenha nos Estados Unidos lembrou na última quinta-feira o 30º aniversário da tomada da Estátua da Liberdade, em Nova York, por um grupo de ativistas que hasteou a bandeira de seu país para reivindicar a libertação de prisioneiros e a independência da ilha.

A tomada da Estátua, declarada em 1984 Patrimônio da Humanidade pela Unesco, durou 19 horas. Os ativistas reivindicavam a libertação de Lolita Lebrón, Rafael Miranda, Irvin Flores, Óscar Collazo e Andrés Figueroa Cordero, prisioneiros nacionalistas com mais tempo de prisão nos EUA.

Os porto-riquenhos Mike Meléndez e Richie Pérez e o panamenho Vicente Alba foram os encarregados de planejar a operação.

- Nunca ninguém tinha tomado a estátua. Algumas atividades tinham acontecido na sua base, e uma manifestação, mas nunca ela tinha sido tomada -, lembrou Alba numa conversa com a Efe.

Ele lembrou que, após organizar uma estratégia, recrutou cerca de 30 pessoas de confiança. Eram "boricuas" (porto-riquenhos de famílias tradicionais), afro-americanos e asiáticos "que estavam dispostos a enfrentar as conseqüências da ação".

Em 25 de outubro de 1977, eles chegaram à Estátua bem cedo.

Depois de verificar que não havia outras pessoas no edifício, hastearam a bandeira porto-riquenha no alto do monumento.

O grupo defendia ativistas como Collazo, que em 1950 abriu caminho a tiros na Casa Blair, em Washington, onde vivia o presidente Harry Truman enquanto a Casa Branca estava sendo restaurada. Ele ficou ferido e seu companheiro Griselio Torresola matou um guarda antes de ser abatido.

Quatro anos depois, Lebrón, Miranda, Flores e Figueroa Cordero invadiram a Câmara de Representantes, dando tiros na galeria de visitantes e ferindo cinco membros do Congresso americano.

Quando anos depois aconteceu a tomada do símbolo dos EUA. - Era um momento bem crítico. Naquela época, as Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN) tinham tomado ações militares pedindo a liberdade dos presos. Havia tribunais que investigavam ativamente o independentismo -, comentou Alba.

Ele lembrou que o propósito do grupo, que não estava armado, era chamar a atenção. Eles passaram mais tempo na Estátua do que esperavam, já que a Polícia local e as autoridades federais disputaram por horas a jurisdição sobre o caso.

As autoridades achavam que o grupo estava armado e era parte do FALN ou das organizações afro-americanas que lutavam pelos direitos civis.

Finalmente, agentes deslocados de Washington detiveram os manifestantes. Eles foram condenados a pagar uma multa, financiada por um concerto do pianista porto-riquenho Eddie Palmieri.

Dois anos depois, o presidente Jimmy Carter outorgou perdão presidencial a Lebrón, Miranda e Flores.

Segundo Meléndez, a tomada da Estátua e atividades em Porto Rico contribuíram para sua libertação. Cordero tinha saído um pouco antes, já que estava doente de câncer.

Trinta anos depois do incidente, Collazo continua preso. Também estão em prisão outros três ativistas porto-riquenhos: Haydé Beltrán e Carlos Alberto Torres, acusados de pertencer às FALN, e José Pérez González, que cumpre pena de cinco anos por sua participação nas atividades para que a Marinha de Guerra dos EUA saísse da ilha de Vieques.

O Comitê de Recursos Naturais da Câmara de Representantes dos EUA aprovou esta semana um projeto de lei que estabelece o mecanismo para que os porto-riquenhos definam sua relação política com o país, quando quiserem.

- Ainda estamos na luta pela liberdade, contra as injustiças dos prisioneiros políticos. É uma luta que continua -, disse Meléndez à Efe. - Estamos conscientes do trabalho necessário e dos presos que ainda estão na prisão -, acrescentou.

Para Alba, a ação será julgada pelo povo porto-riquenho pela sua contribuição à libertação dos prisioneiros.

A Estátua da Liberdade foi tomada pela segunda vez em 2000 pelo ativista porto-riquenho Tito Kayak. Ele colocou um cartaz com a mensagem "Paz para Vieques", num ato também com a participação de Alba.