Agência Brasil
BUENOS AIRES - A candidata Cristina Kirchner encerrou nesta quinta-feira sua campanha para a eleição presidencial do próximo domingo com um comício no Mercado Central de La Matanza, nos arredores de Buenos Aires. Apelou para o fortalecimento da identidade argentina e do papel da mulher, num contexto de integração regional e independência dos organismos financeiros internacionais.
- Nós construímos uma pátria com identidade aqui na América Latina, à qual finalmente aprendemos que pertencemos -, disse, em referência ao mandato do marido, Néstor Kirchner, o atual presidente. Cristina também criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual o governo argentino saldou sua dívida em janeiro de 2006. Está marcada para o dia 3 de novembro a criação do Banco do Sul, organismo de fomento formado por países sul-americanos, entre eles a Argentina.
A candidata convocou as "mulheres argentinas, mulheres que estão nos bairros", a lutar pela saúde e educação "dos nossos filhos". "É um compromisso", afirmou. Quando menciona os bairros, Cristina se refere aos rincões mais pobres, de onde saiu boa parte do público que compareceu ao ato. Grande parte da platéia era formada por pessoas de baixa renda e integrantes de movimentos sociais, organizados e uniformizados.
Cristina terminou o discurso, feito de improviso, afirmando que os argentinos precisam reconhecer-se uns nos outros e sentir-se a cada dia um pouco mais cidadãos: - São muitos sonhos, mas sei da coragem e força dos argentinos. Estamos mudando a História, um destino que parecia que sempre seria adverso.
Após vários dias de sol e calor, choveu e fez frio nesta quinta-feira, mas quando Cristina Kirchner falou, às 19 horas, o céu se abriu.
O ministro da Educação, Daniel Filmus, disse à Agência Brasil, após o comício, que havia 50 mil pessoas, superando a previsão de 30 mil. E que o evento "mostrou o sentimento das pessoas sobre a presidente, que é Cristina, e o que vai acontecer no dia 28, que a Argentina vai continuar e aprofundar esse processo".
Na saída do comício, o presidente Néstor Kirchner comentou a aprovação, da última quarta-feira, da adesão da Venezuela ao Mercosul pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados brasileira. "Era hora. É muito importante. Fortalece um espaço de poder na América do Sul que será a coluna vertebral da construção de um espaço, com o México inclusive", declarou à Agencia Bolivariana de Noticias. O processo de adesão ainda vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça antes de ir a plenário. Uruguai e Argentina já aprovaram, faltam Brasil e Paraguai.
Os outros candidatos também fizeram atos públicos hoje, na ultima tentativa de arrebanhar alguns votos. Elisa Carrió disse confiar que haverá segundo turno e Roberto Lavagna afirmou que seguirá na política independentemente do que aconteça no domingo, informa a Agencia Telam. A partir da próxima sexta-feira, a legislação local não permite mais manifestações públicas referentes às eleições.