Agência EFE
GENEBRA - O subsecretário de Assuntos Humanitários da ONU, John Holmes, pediu nesta quinta-feira a Israel que suspenda imediatamente as restrições impostas à Faixa de Gaza e denunciou que a situação humanitária nos territórios palestinos está se agravando "rapidamente' e de 'forma preocupante'.
- A punição econômica à população de Gaza não é a resposta mais adequada àqueles que atacam o território israelense - afirmou.
O bloqueio só faz com que os palestinos 'dependam cada vez mais da ajuda internacional e isto não é exatamente o mais desejável', disse Holmes. Segundo ele, a ação gera uma situação de 'isolamento e radicalização' na população palestina.
No entanto, 'parece que as restrições aumentarão em um futuro próximo', lamentou o responsável da ONU, que criticou a medida anunciada hoje pelo ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, de cortar o fornecimento de energia elétrica da Faixa de Gaza.
O corte seria uma represália pelo lançamento de mísseis caseiros Qassam a partir da região contra o sul de Israel, de acordo com Barak.
Holmes disse que os cortes de energia elétrica e as limitações no fornecimento de combustíveis ameaçam levar o território a uma séria crise humanitária.
Por isso, ele pediu às autoridades israelenses que 'reduzam as restrições', suspendam o bloqueio econômico e facilitem a entrada de ajuda humanitária, pois esta é 'a melhor forma de progredir para a paz'.
- Em termos de mortes por fome, ainda não se pode falar de uma situação de crise humanitária em Gaza, mas sim na esfera de saúde, tendo em vista as deficiências médicas e falta de medicamentos cada vez maiores, acrescentou.
Somente cinco doentes graves por dia conseguiram atravessar a fronteira para serem devidamente atendidos em território israelense em setembro, frente à média de 40 pacientes registrada em julho, segundo a ONU.
Nesse ponto, Israel 'abre uma brecha na legislação humanitária internacional' ao negar a livre movimentação de doentes que precisam receber ajuda médica adequada fora do território, disse Holmes.
Cerca de 1,5 milhão de habitantes da Faixa de Gaza sofrem com falta de abastecimento de produtos básicos desde que, em junho, o Hamas assumiu o controle da região.
Na Cisjordânia a situação é um pouco melhor, mas também há um notável déficit humanitário, afirmou Holmes.