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MIANMAR - A junta no poder em Mianmar reduziu drasticamente o número de tropas de segurança em Yangon no domingo, aparentemente confiante de que não enfrentará novos protestos populares contra o regime militar, mas as ruas permanecem tranqüilas e as detenções continuam.
As últimas barricadas foram removidas do centro da ex-capital nas redondezas dos templos de Shwedagon e Sule, que foram o cenário dos protestos reprimidos por soldados que atiraram na multidão e prenderam monges e outros manifestantes.
As poucas pessoas nas ruas disseram ainda estar temerosas. A Internet, por onde imagens dramáticas da repressão às manifestações foram exibidas para o mundo, permanece cortada.
Pessoas nas ruas estavam com medo de dar declarações, embora os generais no poder tenham afirmado pela primeira vez estarem dispostos a negociar com a líder presa Aung San Suu Kyi, mas sob condições que ela não deverá aceitar.
O general Than Shwe, chefe da junta, propôs negociar desde que Suu Kyi abandone o "confronto" e seu apoio a sanções que devem causar "total devastação".
Analistas de Mianmar previnem contra o otimismo já que esperanças de mudanças no passado foram esmagadas com freqüência, principalmente no episódio em que 3.000 pessoas foram mortas durante a repressão a uma revolta em 1988.
O enviado especial da ONU Ibrahim Gambari disse a repórteres na sexta-feira, após reportar ao Conselho de Segurança sobre sua visita de quatro dias a Mianmar, ter visto oportunidades para negociações entre a junta e Suu Kyi, que se encontrou com Gambari duas vezes.
- Nas nossas conversas, ela me pareceu muito ansiosa para estabelecer o diálogo - desde que não houvesse pré-condições, segundo Gambari.
Não foram divulgadas declarações de Suu Kyi, de 62 anos, que passou 12 dos últimos 19 anos em prisão domiciliar em Yangon, sem telefone, recebendo visitas raramente e apenas sob permissão oficial.
Grã-Bretanha, França e Estados Unidos - que pressionam para sanções mais severas contra a junta - fizeram circular um esboço de um documento no Conselho de Segurança que exige à junta que liberte os presos políticos e negocie com a oposição.
A junta afirma que dez pessoas foram mortas durante os protestos que começaram com pequenas marchas contra o aumento dos preços dos combustíveis em agosto. Governos de países ocidentais afirmam que o número deve ser bem maior.