Agência EFE
CHINA - Pelo menos 22 operários morreram e 44 estão desaparecidos após a queda de uma ponte em construção na qual trabalhavam, no centro da China, num momento em que o Governo investiga mais de 6 mil pontes em todo o país devido a seu estado perigoso.
A queda aconteceu na província de Hunan, às 16h40 de ontem (5h40 de Brasília). Pelo menos 123 operários trabalhavam sobre e sob a ponte no momento do acidente, dos quais 64 foram resgatados e 22 tiveram que ser hospitalizados, segundo os últimos dados do Ministério de Segurança no Trabalho russo.
A ponte cruzava o rio Tuo, no distrito de Fenghuang. A região turística é famosa por suas belas montanhas e suas casas tradicionais. O acidente cortou a estrada que liga o distrito com o de Daxing.
Com 328 metros de comprimento e 42 metros de altura, a ponte estava quase terminada e deveria ser inaugurada no fim do mês. Os operários estavam retirando os andaimes, segundo a agência estatal "Xinhua".
A empresa Fengda estava encarregada do projeto no oeste da província, através do consórcio Road and Bridge Construction (RBC), com um investimento de US$ 1,6 milhão.
A Polícia está investigando o mestre de obras da RBC, Xia Toujia, e o supervisor do projeto, Jiang Ping. As autoridades abriram uma investigação para esclarecer as causas do acidente.
Os trabalhadores que construíam a ponte eram em sua maioria imigrantes vindos da zona rural, segundo a emissora "CFTV".
Em junho, nove pessoas morreram na província de Cantão, no sul da China, depois de um navio carregado de areia se chocar contra um pilar de uma ponte, derrubando um trecho de 150 metros pelo qual passavam vários veículos e pedestres.
Na ocasião, inicialmente a imprensa chinesa afirmou que não havia vítimas mortais. Mas, nos dias seguintes, as equipes de resgate encontraram nove corpos. Após o acidente, o Ministério de Comunicações anunciou um plano para inspecionar e reparar mais de 6 mil pontes.
Segundo o relatório anual de manutenção de estradas elaborado pelo Ministério, no fim de 2006 havia na China cerca de 6.300 pontes "em estado perigoso, com alguns componentes estruturais importantes seriamente danificados".
O plano do Ministério é que todas as pontes das estradas nacionais e provinciais e da maioria das estradas dos distritos se tornem seguras até 2010.
Segundo o jornal estatal "China Daily", entre os anos 2000 e 2005 o Governo gastou US$ 1,97 bilhão na reparação de 7 mil pontes.
Também implantou um sistema de manutenção que obriga as empresas de construção de estradas a contratar engenheiros para controlar as suas estruturas.
Segundo o secretário-geral do Instituto de Pontes e Engenharia Estrutural, Xiao Rucheng, "no passado, desenhar uma ponte exigia pelo menos um ano, mas agora costuma levar um mês". A rapidez nas obras resulta em defeitos no desenho e na construção.
- Uma vez vi que pediam a operários que unissem duas seções de uma ponte durante um tufão. As fendas podem aparecer com facilidade se o cimento é despejado com um clima assim - explicou o especialista.
Ele acrescentou que um dos problemas das pontes construídas nos últimos 20 anos é que os engenheiros não previram o grande tráfego atual. As estruturas não estão preparadas para suportar tanto peso.
Na China há mais de 500 mil pontes, a maioria construída nos últimos 20 anos.