Agência EFE
GHAZNI - Os parentes das duas sul-coreanas libertadas na segunda-feira no Afeganistão lamentaram que os talibãs mantenham em cativeiro outros 19 missionários, enquanto o Governo da Coréia do Sul espera conseguir a pronta libertação de todo o grupo.
- Sinto muito pelos outros 19 que ficaram lá. Estou mais aflita que alegre - disse Sun Yon-ja, mãe de uma das reféns libertadas, Kim Gina.
Kim Gina, de 32 anos, e Kim Kyung-ja, de 37 anos, foram libertadas nesta segunda pelos talibãs como "gesto de boa vontade incondicional", após três dias de negociações diretas com uma delegação sul-coreana na cidade afegã de Ghazni.
As duas mulheres faziam parte de um grupo de 23 sul-coreanos, entre eles 18 mulheres, que foram seqüestrados em 19 de julho.
Dois homens que integravam o grupo foram executados dias depois de o Governo afegão se negar a atender às reivindicações do grupo insurgente de trocar seus presos pelos reféns.
O presidente Roh Moo-hyun afirmou hoje sua esperança de que a libertação das duas reféns seja um "bom indício" que leva à entrega do resto dos reféns. Ao presidir hoje a reunião de seu Gabinete, ele ordenou a seu Governo que dedique todos os esforços a libertar os 19 sul-coreanos seqüestrados.
O porta-voz dos parentes dos reféns, Cha Song-min, também mostrou sua esperança de que todos os seqüestrados sejam libertados em breve.
Os parentes dos reféns visitaram nesta terça-feira a Embaixada da Indonésia em Seul. Eles entregaram 19 rosas e um DVD com imagens dos reféns. Foi a sexta visita das famílias a uma missão diplomática para pedir o apoio à sua causa. Eles estiveram antes nas representações dos Estados Unidos, Arábia Saudita, Irã, Paquistão e Emirados Árabes.
O grupo também deve elaborar seu quarto vídeo para divulgação no site "YouTube". No entanto, a viagem a Dubai que estava prevista foi cancelada para não afetar as futuras negociações.
A imprensa sul-coreana afirma nesta terça-feira que as negociações futuras com os talibãs constituirão um processo longo e complicado. O grupo insurgente afegão mantém sua reivindicação de que o Governo do presidente Hamid Karzai solte rebeldes presos. Mas Cabul se recusa a ceder às exigências.
- Será preciso agir com muita paciência para solucionar de forma total o seqüestro - disse um funcionário de Seul citado pelo jornal sul-coreano "Kyonghang".
Segundo a agência sul-coreana "Yonhap", as duas reféns postas em liberdade, que viajarão em breve à Coréia do Sul, serão protegidas por um programa especial do Governo para que suas declarações não afetem as negociações com os talibãs.
Um funcionário sul-coreano citado pela "Yonhap" destacou que agora o mais importante é a segurança dos outros 19 reféns. Por isso, Kim Gina e Kim Kyung-ja ficarão sob custódia do Governo.
Segundo a Casa Presidencial sul-coreana, as negociações diretas com os talibãs não foram retomadas nesta terça-feira.