Portal Terra
IPATINGA - A irmã do frentista Edmar Alves Araújo, 34 anos, que morreu depois de ter sido preso nos Estados Unidos, disse nesta segunda-feira desconhecer qualquer envolvimento do irmão com tráfico de drogas.
- Nunca ouvimos falar nada sobre isso. Ouvimos algumas pessoas comentarem aqui em Ipatinga (MG - onde mora a família) que uma emissora de televisão deu esta informação. Nunca ouvimos nada sobre isso - afirmou a recepcionista Alcione Pereira Paiva.
Em reportagem do Fantástico do último domingo, o chefe de polícia da cidade de Milford, onde Araújo morava, disse ter recebido relatos de que o brasileiro era traficante de drogas.
O policial, no entanto, afirmou não ter provas materiais. Edmar Alves de Araújo morreu após ser preso em Woonsocket, no Estado de Rhode Island.
Ele morava há cinco anos nos Estados Unidos, onde trabalhava como frentista de posto de combustíveis e pintor.
A família de Edmar está revoltada com a falta de informações oficiais sobre o que realmente aconteceu com o rapaz.
- A gente lê toda horas nos jornais que o pessoal do Itamaraty está apoiando a família. Até agora ninguém nos procurou. Jornal aceita qualquer coisa, até mesmo mentiras.
Eu queria que alguém nos ajudasse, porque é um ser humano, é um brasileiro, um de nós que está lá - continuou.
Alcione diz acreditar que o irmão tenha morrido realmente devido à falta do remédio que tomava para evitar crises de epilepsia, doença que ele tinha desde a infância.
- É muito doloroso. Nós queremos saber o que de fato aconteceu porque ele foi preso, morreu, pronto e acabou? Se fosse um deles que tivesse morrido aqui (no Brasil), estaria todo mundo aqui - completou.
O caminhoneiro Valdemar Alves de Paiva, 67 anos, pai de Edmar, quer que o caso seja apurado logo para que o corpo do filho seja trazido para Ipatinga, no leste de Minas Gerais, onde mora a família.
- Ele morreu já faz uma semana e nenhuma informação foi passada pela polícia americana para a família. Estão agarrados com os exames (necropsia) até hoje. E não deixam a minha filha ver o corpo, nem advogado - disse, se referindo à Irene Alves de Araújo, irmã de Edmar que mora nos Estados Unidos e que está acompanhando o caso.
Paiva se revolta ao imaginar que a morte do filho poderia ter sido evitada se os policiais americanos tivessem deixado Edmar tomar os remédios levados pela irmã até a cadeia onde ele estava preso, como afirma a família.
- A pessoa tem que ser tratada como ser humano, e não como um animal. Eles tinham que ter dado um atendimento melhor pra ele. Se não quisessem pegar o remédio, que chamassem um médico para olhá-lo - afirmou o pai.
Edmar Alves Araújo deixou nove irmãos. A mãe, Sebastiana Colares de Araújo, 65 anos, é separada do pai dele e mora no bairro de Taúbas, também em Ipatinga.