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Documento alemão marca comemoração de 46 anos do Muro de Berlim

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Agência EFE

BERLIM - A descoberta de um documento que prova a existência de uma ordem explícita de disparar contra pessoas que tentassem fugir da República Democrática Alemã (RDA) dominou os atos em memória do 46º aniversário da construção do Muro de Berlim netsa segunda-feira.

O documento foi divulgado na véspera das comemorações, o que provocou uma nova discussão sobre o passado da Alemanha comunista e sua avaliação.

A encarregada pelos arquivos da Stasi - a temida Polícia política germânico-oriental -, Marianne Birthler, anunciou hoje a intenção de investigar se a descoberta é relevante ou não para a abertura de pesquisas judiciais contra os antigos responsáveis.

O documento, achado em uma dependência dos arquivos em Magdeburgo, data de 1º de outubro de 1973 e está dirigido a uma unidade especial da Stasi infiltrada nas brigadas de fronteira, cuja missão era evitar a fuga dos próprios soldados, o que ocorria freqüentemente.

- Não duvidem em fazer uso das armas, nem sequer se a transgressão fronteiriça for feita por mulheres e crianças, algo que os traidores utilizam com freqüência - afirma o texto.

No documento se ressalta que "é dever" de todo membro da unidade responder à "astúcia" daqueles que querem fugir através da "detenção" ou da "liquidação".

Trata-se do primeiro documento que demonstra que existia a ordem explícita, pois as leis da RDA sempre tinham falado do disparo como um "último recurso".

Enquanto isso, foi divulgado que o texto já tinha sido publicado há uma década, o que, segundo alguns meios de comunicação alemães, indica que se trata mais de uma forma para preencher o vazio informativo.

Apesar de tudo, a publicação feita em uma data tão simbólica levou praticamente todo o cenário político a lembrar da brutalidade do sistema germânico-oriental.

O prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit, que participou hoje de um ato de comemoração, afirmou que o número de mortos no muro é uma prova mais que suficiente de um regime injusto e que, por isso, o documento não representava nenhuma novidade.

Até agora não há nem sequer certeza sobre o número exato de pessoas que morreram ao tentar fugir da Alemanha Oriental.

Segundo os responsáveis pelo Museu do Muro em Berlim, o número de mortos na fronteira é de mais de 1.200. A Promotoria de Berlim, por outro lado, comprovou apenas 270 mortes.

Em 13 de agosto de 1961, o Governo da RDA deu a ordem de erguer um muro entre a parte oriental e a ocidental da cidade, que dividiu a Alemanha até sua queda, em novembro de 1989.

Como todos os anos, hoje serão celebrados diversos atos de comemoração às vítimas, como o depósito de flores na Bernauer Strasse, então um dos pontos mais chamativos da divisão, pois eram os próprios edifícios da rua que serviam de muro.

Quando começou a construção do muro, muitos inquilinos dessas casas pularam para cair na parte ocidental. Alguns sobreviveram, outros morreram.