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Lula termina viagem promovendo etanol e aproximação com Mercosul

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Agência EFE

PANAMÁ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou na última sexta-feira uma viagem de cinco dias pelo México, Honduras, Nicarágua, Jamaica e Panamá, na qual seu discurso se concentrou na defesa da produção de etanol e nos convites de aproximação com o Mercosul.

Houve avanços com os países caribenhos e centro-americanos para a transferência de tecnologia e promoção e consumo de biocombustíveis.

Já no México os maiores lucros da viagem foram no campo da prospecção petrolífera e de gás, buscando maior colaboração entre as estatais Petrobras e Pemex.

Na primeira escala, a reunião com o presidente mexicano, Felipe Calderón, permitiu a Lula fechar acordos no setor de fontes de energia não renováveis. De quebra, insistiu na necessidade de aproximar o México do Mercosul.

- Estamos vendo se é possível construir uma associação Petrobras-Pemex para produzir petróleo fora do México. Será uma associação para explorar jazidas em terceiros países - disse Lula.

Ele falou a Calderón sobre a necessidade de buscar novas fontes de energia, destacando a experiência brasileira. "Se metade do que se diz sobre o aquecimento global for verdade, os biocombustíveis serão inexoráveis e irreversíveis", disse.

No entanto, o governante brasileiro pareceu ser o único a insistir na necessidade de desenvolver biocombustíveis. Calderón preferiu dizer que a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) deve aprender com a experiência brasileira.

Lula pediu também ao México mais interesse pela América do Sul e pelo Mercosul, para aumentar o comércio e os investimentos.

Em Honduras, aprofundou o tema e pediu a abertura de negociações para a assinatura de um Tratado de Livre-Comércio (TLC) entre a América Central e o Mercosul.

- Devemos ter como objetivo no horizonte próximo o lançamento de negociações para um TLC entre o Sica (Sistema da Integração Centro-Americana) e o Mercosul, que respeite as assimetrias das economias dos países - disse Lula.

Tegucigalpa também recebeu bem a sua proposta de cooperação bilateral para a produção e uso do etanol, assim como a ajuda para a busca de petróleo em solo hondurenho.

- O Brasil está disposto a contribuir em outras experiências energéticas" com Honduras, apontou, prevendo que os empresários dos dois países poderão transformar a cooperação em "possibilidades de negócios".

O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, agradeceu a cooperação brasileira na área energética, disse que o novo desafio do século XXI "será o déficit de energia" e lembrou que o investimento privado será decisivo.

A visita ao presidente nicaragüense, Daniel Ortega, permitiu a Lula mostrar um lado mais social. Ele se comprometeu a buscar financiamento para projetos no campo hidrelétrico para ajudar a resolver a crise energética da Nicarágua.

Ortega esclareceu que não tem divergências com Lula sobre a produção de etanol. Mas disse que é "completamente inadmissível e um crime" produzir biocombustíveis derivados do cultivo de milho, prejudicando a alimentação.

Na Jamaica, como era de se esperar, Lula reforçou a cooperação no desenvolvimento de novos projetos energéticos. Foi a primeira visita de um presidente do Brasil ao país.

Em companhia da primeira-ministra jamaicana, Portia Simpson Miller, o presidente encerrou um fórum de negócios dedicado a debater as perspectivas para aumentar a produção do etanol e biodiesel.

- O etanol e o biodiesel oferecem genuínas opções de crescimento sustentável. Além de criar postos de trabalho e renda, abrem a porta ao estabelecimento de indústrias locais de bioquímica que produzem desenvolvimento tecnológico - disse Lula.

A última escala serviu para acertar com o governante panamenho, Martín Torrijos, a cooperação na produção de etanol. Houve também um encontro empresarial, em que companhias brasileiras foram convidadas a investir nas obras de ampliação do Canal e em outros setores da economia do Panamá.

Lula disse que sua viagem faz parte do projeto de abertura de relações do Brasil com todo o mundo, iniciada desde que assumiu a Presidência, em 2003, como "uma posição de soberania".

Ele destacou a "relação privilegiada com os Estados Unidos", a "aliança estratégica" com a China e as "extraordinárias relações com vários países europeus", além da aproximação com o resto da América.