Agência EFE
WASHINGTON - Líderes democratas e grupos cívicos dos Estados Unidos condenaram nesta sexta-feira o "enfoque policial" das medidas anunciadas pelo Governo contra a imigração ilegal, enquanto seus partidários disseram que elas são um bom começo para corrigir o problema.
Na falta de uma reforma migratória, o Governo americano anunciou nesta sexta-feira uma série de medidas e sanções para desestimular a imigração ilegal. A notícia recebeu críticas de grupos cívicos e do setor empresarial, que estudam ações judiciais contra a iniciativa.
Os líderes democratas alertaram que o país precisa de uma reforma migratória integral e não de soluções policiais.
Em tom alarmista, a legisladora Dianne Feinstein (Califórnia) disse que as medidas são só um "paliativo" que não vai resolver a iminente crise no setor agrícola. Ela chegou a prever uma "catástrofe".
O efeito imediato das sanções empresariais, segundo Feinstein, é que os agricultores perderão bilhões de dólares por falta de pessoal para a colheita.
O setor agrícola em todo o país já sofre a escassez de mão-de-obra dos imigrantes em estados como Michigan, Washington, Geórgia, Idaho, Califórnia e Carolina do Norte, segundo Feinstein.
Ela defende a legalização dos trabalhadores agrícolas.
Além disso, 70% dos trabalhadores que semeiam e colhem as frutas e verduras consumidas nos EUA são imigrantes ilegais. Sem eles, os agricultores não poderão completar as colheitas, avisou.
Mas as sanções também teriam um efeito multiplicador em outros setores da economia. Segundo dados oficiais, em 2006 os imigrantes ilegais formaram a quarta parte dos trabalhadores do setor de construção e do setor de jardinagem, além de 29% do setor agrícola.
Os números não incluem os imigrantes ilegais que trabalham em limpeza de escritórios e hotéis, como cozinheiros e garçons em restaurantes em todo o país.
A partir do mês próximo, as empresas terão 90 dias para corrigir qualquer divergência nos documentos apresentados por seus trabalhadores, na comparação com as bases de dados do Departamento de Segurança Nacional (DHS) e a Administração do Seguro Social (SSA).
Além disso, os imigrantes ilegais que desobedecerem a uma ordem de deportação voluntária receberão uma multa de US$ 3 mil.
Congressistas republicanos, como Jon Kyl e Tom Tancredo, defenderam as medidas com um bom começo para recuperar o controle das fronteiras do país e impedir a entrada de imigrantes ilegais, tirando as suas fontes de trabalho.
Mas vários grupos cívicos consultados pela Efe temem que as medidas, em última instância, levem a aumentos de preços nos supermercados, restaurantes e outras áreas do setor de serviços.
A Câmara de Comércio dos EUA e a federação sindical AFL-CIO estudam possíveis ações judiciais contra as novas medidas.
Uma porta-voz da AFL-CIO, Sonia Ramírez, explicou que o enfoque policial das medidas, sem fornecer ajuda aos imigrantes ilegais, "é uma solução equivocada para o problema migratório atual".
O grupo Unidade Hondurenha também não descarta ações legais, e afirma que as medidas só semearão o medo na comunidade imigrante.
O Fórum Nacional de Imigração previu que as medidas "vão fracassar e terão conseqüências desastrosas para a economia, a segurança e os direitos civis".