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Cuba segue enfrentando dificuldades pós-soviéticas, diz Fidel

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REUTERS

HAVANA - O líder de Cuba, Fidel Castro, que ainda se recupera de um problema de saúde, afirmou nesta quarta-feira que continua acompanhando de perto a política interna da ilha e que os cubanos ainda precisam superar a crise econômica do período pós-soviético.

Em uma coluna publicada no jornal Granma, do Partido Comunista do país, o dirigente de 80 anos que não aparece em público há quase um ano criticou uma autoridade cubana por ter ido à TV declarar que o 'período especial' havia passado.

- Isso fez meus cabelos se arrepiarem. De onde terá saído esse bárbaro? - escreveu.

Fidel disse que o 'período especial', um eufemismo usado para se referir às dificuldades vividas em Cuba após o colapso da União Soviética em 1991, havia 'melhorado'. No entanto, segundo ele, os problemas não tinham acabado por causa dos preços recorde do petróleo em todo o mundo.

O líder cubano citou atrasos nos planos de substituir os motores da era soviética, que equipam milhares de veículos oficiais. A idéia é trocá-los por motores chineses, considerados mais econômicos e que podem ser adquiridos com crédito facilitado.

A coluna assinada por Fidel na terça-feira, intitulada 'Autocrítica de Cuba', reconheceu haver um descontentamento generalizado a respeito das desigualdades de renda entre os cubanos que recebem seus salários em pesos e os que recebem bônus ou remessas em moeda forte vindos de parentes que moram no exterior.

Segundo o líder, os cubanos que recebem dinheiro em moeda estrangeira são privilegiados porque continuam tendo acesso a serviços públicos como atendimento médico e escolas, além de seguirem comprando os alimentos altamente subsidiados do país.

- A ausência real e visível de igualdade e a falta de informações proporcionam o surgimento de críticas, especialmente entre os setores mais necessitados - escreveu Fidel.

O dirigente, que subiu ao poder com a revolução de 1959, viu-se obrigado a deixar o comando do país nas mãos do seu irmão Raúl Castro em julho passado, quando se submeteu a uma cirurgia intestinal de emergência.

Desde então, Fidel teria realizado vários procedimentos cirúrgicos do tipo, incluindo uma colostomia.

Em março, o líder cubano regressou à vida pública escrevendo artigos no quarto do hospital onde se encontra atualmente.