Agência EFE
BEIRUTE - Duas organizações de direitos humanos denunciaram que o Exército libanês deteve arbitrariamente e submeteu a maus-tratos refugiados palestinos que fugiram dos confrontos no campo de Nahr al-Bared, em Trípoli.
A Anistia Internacional (AI) pediu em carta dirigida ao ministro da Defesa libanês, Elias Murr, que seja aberta uma investigação sobre as acusações de casos de assédio e maus-tratos cometidos por soldados libaneses contra civis palestinos nos postos de controle.
Segundo uma delegação da AI que foi ao norte do Líbano, vários episódios como este ocorreram nas últimas duas semanas em Trípoli, Beirute e nos postos construídos entre a capital e o vale do Bekaa, no leste do Líbano.
Entre os casos que a organização cita está o de dois palestinos que foram detidos em 2 de junho enquanto saíam de uma farmácia.
Os soldados libaneses algemaram as vítimas e as obrigaram a deitar no chão. Um dos militares ficou de pé sobre o corpo de um detido, enquanto o outro apontava o fuzil para o segundo.
Em seguida, os soldados levaram as duas vítimas em um caminhão, onde foram golpeados com os fuzis e interrogados sobre o grupo islâmico Fatah al-Islam. Eles foram liberados apenas no dia seguinte, sem acusações.
Segundo a AI, vários palestinos no norte do Líbano, principalmente os que trabalham de manhã, não podem ir a seus locais de trabalho porque têm medo de serem agredidos e sofrerem maus-tratos nos postos de controle, o que agravou ainda mais sua situação.
Já a Human Rights Watch (HRW) denunciou que o Exército libanês interroga e algumas vezes trata mal os civis que deixam o campo e outros acampamentos em diferentes postos de controle no país.
A organização afirmou em comunicado que os soldados libaneses detiveram palestinos suspeitos de apoiar ou de ter informações sobre o Fatah al-Islam, que há quatro semanas enfrenta o Exército libanês.
A diretora da HRW no Oriente Médio, Sarah Leah Whitson, disse que "as forças libanesas podem interrogar os palestinos em Nahr al-Bared sobre o Fatah al-Islam, mas o abuso físico viola de maneira flagrante as leis libanesas e as normas internacionais de direitos humanos'.
Em um dos casos registrados pela HRW, um palestino de 21 anos foi detido e interrogado durante quatro dias em diferentes lugares, nos quais foi espancado pelos militares libaneses.
- Eles me colocaram em uma cela e tive que dormir com os olhos vendados e as mãos amarradas', disse a vítima à HRW sobre sua terceira noite na prisão.
As duas organizações pediram ao Governo libanês que garanta que nenhum palestino sofra maus-tratos pelas forças de segurança, principalmente quando supostamente isto ocorre apenas por sua identidade palestina.