Agência EFE
BUENOS AIRES - Cerca de 400 crianças do Movimento dos Meninos do Povo foram hoje à Praça de Maio de Buenos Aires, onde milhares de argentinos se uniram a eles para protestar contra a fome.
Sob o lema 'A Fome é Um Crime', a IV Marcha Nacional Contra a Fome Infantil, que começou há onze dias na cidade de Puerto Iguazú, na fronteira com Brasil e Paraguai, exigiu a formulação de uma lei para que nenhum menor viva abaixo do nível de pobreza.
Milhares de manifestantes carregavam cartazes afirmando que "todos têm direito a crescer sem fome' e a 'crescer com saúde'.
Integrantes do grupo humanitário Mães da Praça de Maio receberam as crianças no histórico passeio, que também mobilizou centenas de organizações sociais e sindicais.
Durante o ato, as crianças acusaram o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, de ter 'gastado uma fortuna em uma pedra que não se movimenta', enquanto todos choram pela 'desnutrição dos garotos do norte'.
Além disso, pediram que o povo se torne uma 'testemunha muda de outra geração de desaparecidos'.
Os manifestantes, que denunciaram a falta de representantes governamentais nas concentrações realizadas durante estes onze dias por todo o país, cantaram junto com as crianças e entoaram o hino argentino.
Como ponto final, foram abençoados centenas de pães que mais tarde foram distribuídos entre os presentes ao ato.
- Este ano, a manifestação começou na província de Misiones, em homenagem às 17 crianças menores de dois anos que morreram durante 2006 por desnutrição - disse Carlos Chile, dirigente do Movimento Territorial de Libertação, uma das 300 organizações sociais que apoiaram a manifestação.
A peregrinação, iniciada em 7 de maio, percorreu localidades das províncias de Misiones, Corrientes, Chaco e Formosa (nordeste do país), onde 45,7% da população é pobre, além de Santa Fé e Buenos Aires, onde a pobreza afeta cerca de 23% dos moradores.
O Movimento Nacional das Crianças do Povo, formado por 400 ONGs, organizou sua primeira manifestação em 2001, quando centenas de crianças caminharam aproximadamente quatro mil quilômetros desde a província de Jujuy, vizinha à Bolívia, até Buenos Aires, 'para atravessar a consciência nacional' em favor da infância e contra a pobreza.