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PARIS - Uma multidão em polvorosa encontrou-se com o presidente eleito da França, Nicolas Sarkozy, na quinta-feira, no primeiro compromisso oficial dele após sua vitória nas urnas e horas depois de a polícia ter enfrentado, em Paris, manifestantes que gritavam "Sarkozy fascista".
O político só toma posse, sucedendo o presidente Jacques Chirac, no dia 16 de maio, mas há sinais cada vez mais claros de que suas promessas de reforma em várias áreas, da área de legislação trabalhista à de polícia educacional, enfrentarão uma forte oposição.
- O senhor Sarkozy foi eleito. Mas não acho que se possa ver um consenso generalizado a respeito do programa de governo dele ou uma legitimidade da parte dele para fazer o que bem entender - afirmou ao jornal Le Monde Bernard Thibault, secretário-geral do sindicato CGT.
Após derrotar a socialista Ségolène Royal no segundo turno das eleições, no domingo, Sarkozy viajou para tirar dois dias de folga a bordo de um iate de luxo de um amigo bilionário, nas proximidades de Malta, provocando piadas e críticas entre os partidos da oposição.
Ele regressou a Paris queimado de Sol e aparentemente descansado. Na quinta-feira, apareceu ao lado de Chirac em uma cerimônia realizada na região central da cidade para homenagear as vítimas da escravidão. Sarkozy acenou para a multidão, mas não discursou.
Na quarta-feira à noite, a uma pequena distância do local onde seria realizado o evento do dia seguinte, centenas de policiais enfrentaram manifestantes que gritavam: "Sarkozy fascista, o povo vai tirar seu couro".
Dirigentes de uma universidade fecharam uma unidade da instituição em Paris ocupada por estudantes durante a noite. Os estudantes denunciavam como uma estratégia "indireta de privatização" os planos para conceder maior autonomia às universidades.
Na quinta-feira, os ocupantes decidiram colocar fim à ação, criticada pela entidade estudantil Unef. Os protestos podem agora ser paralisados, mas só até o regresso de Sarkozy com suas promessas de campanha.
A manifestação estudantil aconteceu depois de três noites de violência em Paris e em outras cidades como consequência da eleição de domingo. Nos distúrbios, centenas de carros foram queimados e vitrines de várias lojas, destruídas.
As autoridades investiram duramente contra os responsáveis pela violência, e o Poder Judiciário já condenou alguns dos envolvidos a penas de prisão de até seis meses. Mais de cem pessoas foram detidas em Paris na noite de quarta-feira.