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Rice intercede em favor de Wolfowitz contra oposição da Europa

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Agência EFE

WASHINGTON - As diferenças entre os Estados Unidos e a Europa sobre o presidente do Banco Mundial (BM), Paul Wolfowitz, tornaram necessária a intercessão da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, que lançou uma discreta campanha para eliminar desentendimentos.

Rice conversou com vários ministros europeus, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, em declarações publicadas hoje pelos jornais 'The Wall Street Journal' e 'The New York Times'.

A secretária de Estado tenta reverter a oposição européia à liderança de Wolfowitz, que foi reforçada nas últimas semanas. Ontem, a Alemanha voltou a expressar seu desejo de que ele abandone a presidência da instituição.

Alguns analistas acreditam que as manobras da chefe da diplomacia americana não conseguirão impedir que Wolfowitz seja afastado do cargo.

- Não existe outra saída para esse problema - disse o analista Colin Bradford, do centro de estudos Brookings Institution. Ele acredita que a permanência de Wolfowitz prejudica não só os interesses do BM, mas também os dos EUA.

Nesta quinta-feira, um editorial do jornal britânico 'Financial Times' comentou que, 'em determinados momentos, mesmo uma superpotência deve reconhecer a realidade'.

- A esperança de que Paul Wolfowitz presida de forma efetiva o Banco Mundial desapareceu - diz o jornal.

Ele afirma que o ex-membro do Pentágono deve deixar suas funções ou se transformar 'em um presidente sem poder de uma instituição fraca'.

Por enquanto, Wolfowitz tem prazo até amanhã para apresentar suas defesas ao relatório da comissão investigadora. Ele é acusado de ter violado as normas da instituição ao determinar as condições trabalhistas de sua namorada, Shaha Riza, uma funcionária de carreira do Banco.

O Conselho Executivo deve se reunir na terça-feira para tomar uma decisão.

O órgão é integrado por 24 diretores, que representam os 185 membros da entidade. Ele pode recomendar que Wolfowitz seja destituído, emitir algum tipo de voto de desconfiança ou adotar alguma medida para repreendê-lo.

No entanto, espera-se uma atividade intensa para que uma decisão consensual seja possível.

Entre os poucos pontos que são unanimidade, por enquanto, está a necessidade de se garantir um processo justo ao ex-vice-secretário de Defesa dos EUA, atualmente no comando do BM.

Em um esforço para mostrar que Wolfowitz recebeu um tratamento correto, o Conselho Executivo publicou, ontem à noite, uma cronologia detalhada, mostrando que ele teve oportunidade de apresentar seus argumentos. O órgão disse, ainda, que o presidente do banco poderá se expressar pessoalmente na terça-feira, antes que os 24 diretores se reúnam para 'considerar toda a informação disponível e chegar a conclusões'.

Shaha Riza foi transferida de forma temporária ao Departamento de Estado em setembro de 2005, para evitar possíveis conflitos de interesse, já que seu namorado era, também, seu supervisor. Sua mudança incluiu um grande aumento salarial e garantias de futuras elevações.

A Associação de Funcionários do BM alega que o aumento é mais do que o dobro do estipulado.

Após o primeiro reajuste anual, o salário de Shaha ficou em US$ 193.590 livres de impostos por ano, mais do que Condoleezza Rice ganha atualmente como secretária de Estado.

A possibilidade de que Wolfowitz renuncie fez com que surgissem alguns nomes de substitutos.

No topo da lista está Stanley Fischer, americano nascido na Zâmbia que dirige o Banco de Israel e foi economista-chefe do Banco Mundial e primeiro vice-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A revista britânica 'The Economist' e o influente jornal americano 'The Wall Street Journal' acreditam que ele seria um bom candidato para substituir Wolfowitz.