Agência EFE
EL PASO - Uma juíza dos Estados Unidos rejeitou nesta terça-feira as acusações feitas pelo Governo americano contra o anticastrista Luis Posada Carriles, também acusado de terrorismo por Cuba e Venezuela, ao considerar que o caso apresentado não tinha sustentação suficiente.
Posada Carriles está sendo processado nos Estados Unidos por crimes migratórios. Mas a juíza Kathleen Cardone, de El Paso (Texas), descartou o uso das principais provas de acusação: as transcrições da entrevista que as autoridades de imigração fizeram com o cubano quando ele pediu cidadania americana.
Segundo Cardone, para o tribunal, o Governo dos Estados Unidos "incorreu em fraude, mentira e truques' quando entrevistou Posada Carriles sobre a forma como entrou no país.
Em sua decisão de 38 páginas, ela disse que o Governo 'manipulou a administração da justiça penal com o objetivo de formar uma acusação'.
- Esta corte não vai deixar de lado os direitos do acusado, nem ignorar a má conduta do Governo, só porque o acusado é, politicamente, uma batata-quente - enfatizou.
A Promotoria Federal poderá recorrer no Quinto Tribunal de Apelações de Nova Orleans, na Louisiana.
A defesa do anticastrista tinha solicitado que excluíssem a entrevista com a imigração argumentando que tinha sido uma "armadilha' do Governo americano para apresentar acusações criminais contra seu cliente.
Agentes de Imigração reconheceram na última sexta no tribunal que quando lhe fizeram a entrevista sabiam que Posada Carriles não era elegível para optar pela cidadania por ter sido condenado no Panamá.
Havana acusa o anticastrista de planejar um atentado com explosivos contra o líder cubano Fidel Castro na 10ª Cúpula Ibero-Americana que aconteceu no Panamá em 2000, mas este país só o acusa de posse de armas e uso de documentos falsos.
Em 2004, a então presidente panamenha Mireya Moscoso o indultou antes de entregar o poder.
- O tribunal faz notar que estas entrevistas envolveram mais advogados que a maior parte dos juízos criminais que foram apresentados diante desta corte - disse Cardone em sua decisão.
Acrescentou que embora a agente responsável pela entrevista tenha dito que a mesma foi gravada no segundo dia, depois testemunhou que o vídeo não estava disponível porque o equipamento funcionou mal.
Felipe Millán, um dos advogados do cubano, disse à agência Efe que existe a 'crença de que o sistema judiciário atuou com justiça. A juíza atuou baseada nos fatos e não por pressões políticas ou por acusações de terrorismo não sustentadas'.
- Posada Carriles está feliz e viajará nos próximos dias para Miami para se reunir novamente com sua família - declarou o advogado.
- Já estou livre. Agradeço a Deus, a todos os meus irmãos, ao povo de Cuba pela vitória - disse o ex-agente da CIA à emissora 'Rádio Mambí', de Miami.
Posada Carriles tem uma ordem de deportação por sua entrada ilegal nos Estados Unidos. Quando encontrar outra nação que aceite recebê-lo, o anticastrista terá que abandonar o país.
Além disso, o FBI (polícia federal americana) realiza uma investigação para determinar a suposta participação do cubano em atentados com explosivos contra o setor turístico de Cuba, em 1997.
Um tribunal de instrução de Nova Jersey está investigando um grupo de exilados cubanos suspeitos de enviar dinheiro à América Central para financiar a suposta campanha de atentados de Posada Carriles.