Agência EFE
QUITO - O Governo de Rafael Correa apresentou hoje, em Quito, o Plano Equador, definido como uma proposta de paz, justiça e desenvolvimento em resposta ao Plano Colômbia, que luta contra o narcotráfico e a guerrilha no país vizinho. Durante a apresentação diante de representantes da comunidade internacional, Correa destacou a vocação pacifista de seu país e reforçou que a iniciativa traz uma visão 'de presente e futuro', pois deve ser desenvolvida até o ano 2018, e não é 'um arsenal de rancores do passado'.
O Plano Equador é guiado pelos princípios universais de paz e cooperação como sistema de convivência entre Estados, o repúdio à agressão, a não-intervenção nos assuntos internos de outros países e a igualdade em suas relações com nações vizinhas, indicou. O presidente definiu o projeto como um plano preventivo e solidário, destacou que contempla o fortalecimento da economia das regiões fronteiriças, a propulsão do desenvolvimento social e a melhora da qualidade de vida dos habitantes da região das fronteiras.
Para Correa, o Equador foi um 'aliado histórico' da Colômbia na conquista da independência e no fortalecimento de suas soberanias, mas agora se vê ameaçado por problemas gerados pelo conflito colombiano. Entre eles, mencionou o risco de que grupos ilegais penetrem em solo equatoriano, de que aumente o número de deslocados e refugiados na área fronteiriça e de que haja impactos nocivos à saúde e ao meio ambiente causados pelas aspersões aéreas colombianas do herbicida glifosato em cultivos ilegais de coca.
- O conflito que jamais buscamos, no qual não intervimos, explode nas províncias do norte de nosso país - afirmou o chefe de Estado equatoriano.
O Plano Equador procura impulsionar um processo de paz, desenvolvimento e segurança integral centrado no ser humano. Segundo Correa, é indispensável a participação cidadã e das redes de comunicação que afirmem a presença estatal, com base no 'absoluto respeito' aos direitos humanos. A iniciativa é uma 'aposta em um novo Equador: altivo, soberano, generoso', disse o governante. Rafael Correa destacou que seu país protege os colombianos deslocados porque acredita 'que não há seres humanos ilegais, mas práticas ilegais, enfermiças e violentas'.
- Defendemos o livre trânsito das pessoas, mas nos encontramos com a rotineira, imoral e inconsistente decisão de um neoliberalismo ao qual interessa o livre trânsito de capitais, os tratados de livre-comércio, deixando em último lugar da escala social o ser humano - explicou.
Correa assegurou que o Plano Equador conta com US$ 135 milhões para financiar projetos de segurança e ordem social na fronteira, mas expressou sua esperança de duplicar em breve esse valor com a ajuda da comunidade internacional.
O projeto 'é contra os abutres da guerra, os traficantes de armas - os quais, em meio a suas malditas guerras, falam da liberdade, os mercenários e os carrascos. É a favor da paz, da igualdade e da fraternidade', afirmou Correa.
A ministra de Relações Exteriores equatoriana, María Fernanda Espinosa, insistiu em que o plano tem um 'enfoque preventivo e uma visão multidimensional e multissetorial, orientada ao desenvolvimento humano, à segurança cidadã e ao respeito dos direitos humanos'.
- Desta maneira, o Equador procura minimizar os efeitos do conflito interno vivido pela Colômbia e frente ao qual o Equador deu mostras de espírito solidário e defendeu uma solução pacífica - disse.
A ministra afirmou ainda que o plano promove uma política de vizinhança e de relações eqüitativas e solidárias, assim como um controle efetivo do território nacional e o respeito ao meio ambiente. Para a ministra da Defesa, Lorena Escudero, o Plano Equador "reconhece como seu principal inimigo a violência estrutural'. Por isso, para Fernando Bustamante, ministro de Coordenação de Segurança Interna e Externa, é uma forma de prevenir que os conflitos na fronteira norte transbordem.
Com o Plano Equador, a segurança não se impõe 'mediante coerção, vigilância ou repressão, mas é o resultado de um estilo de vida que seja em si mesmo pacífico e merecedor de ser protegido', concluiu Bustamante.