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PARIS - O presidente da França, Jacques Chirac, deu apoio, nesta quarta-feira, à candidatura presidencial de Nicolas Sarkozy, colocando de lado as antigas desavenças existentes entre os dois em nome de fortalecer a campanha da direita. Chirac, que ficou 12 anos no poder, deixa o cargo depois do segundo turno das eleições presidenciais previsto para maio, mas vinha se mantendo em silêncio a respeito de apoiar ou não o ambicioso candidato, ex-protegido dele.
Em um breve pronunciamento divulgado pela TV, Chirac disse que Sarkozy havia sido escolhido como candidato pelo partido UMP (governista), uma legenda de centro-direita formada pelo atual presidente em 2002 e hoje liderada pelo presidenciável.
- Então, é totalmente natural que eu lhe dê meu voto e meu apoio - disse Chirac, em um comunicado no qual não houve qualquer manifestação de apreço pessoal.
Caso não tivesse conseguido o apoio do atual presidente francês, Sarkozy poderia ver enfraquecida sua figura de candidato da direita.
- Estou muito comovido com essa decisão - afirmou Sarkozy em um comunicado.
- Ela é importante para mim tanto no plano político quanto no plano pessoal.
Segundo Chirac, Sarkozy deve abandonar, na próxima semana, o comando do Ministério do Interior, cargo no qual o candidato de 52 anos de idade construiu sua imagem de austero defensor da lei e da ordem, a fim de concentrar-se na campanha presidencial antes do primeiro turno, marcado para 22 de abril.
Nas pesquisas de intenção de voto, Sarkozy tem aparecido à frente de sua rival socialista, Ségol¨ne Royal, sugerindo que o candidato direitista pode sair vencedor caso os dois enfrentem-se em um segundo turno, previsto para acontecer em 6 de maio. Mas o presidenciável governista depara-se com uma crescente ameaça vinda de François Bayrou, um político de centro que tem se apresentado como o homem capaz de superar as históricas linhas divisórias que marcam a disputa pelo poder na França.
Bayrou aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, mas teria uma boa chance de vencer se passasse para o segundo turno, reunindo em torno de si os votos anti-Sarkozy. O candidato direitista afastou-se de Chirac quando deu apoio a Edouard Balladur, rival do hoje presidente, nas eleições de 1995 e começou sua atual campanha fazendo várias promessas de romper com as políticas adotadas até agora pelo governo francês.
Mas Sarkozy sempre contou com o apoio do presidente a fim de amenizar a imagem dele como um linha-dura polemista. Apesar de as pesquisas terem mostrado que Chirac seria derrotado facilmente caso tentasse concorrer a um terceiro mandato, seu currículo de estadista mais velho da política francesa e seu status de personificação da República Francesa ainda pesam bastante.
Chirac confirmou essa aura que o envolve participando, pouco depois de ter dado apoio a Sarkozy, do funeral de Lucie Aubrac, participante da heróica resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. No lugar de Sarkozy, assume o comando do ministério do Interior François Baroin, ministro dos Territórios Ultramarinos da França.
O ministro francês da Saúde, Xavier Bertrand, principal porta-voz da campanha de Sarkozy, também deve deixar seu cargo na segunda-feira, afirmou o gabinete dele.