Agência EFE
PARIS - O mediador da ONU para o Kosovo, Martti Ahtisaari, considera em seu relatório final que a independência do Kosovo 'sob supervisão internacional' é a 'única opção viável' para a província sérvia de maioria albanesa, segundo a edição de hoje do jornal francês 'Le Monde'.
A manutenção de uma Administração internacional 'não é sustentável' e a reintegração do Kosovo à Sérvia 'não é uma opção viável', diz Ahtisaari em seu relatório, ao qual o jornal teve acesso e que deve ser transmitido ao Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira.
O mediador e ex-presidente finlandês tinha evitado utilizar a palavra 'independência' durante mais de um ano de difíceis negociações sobre o estatuto definitivo do Kosovo, que está sob Administração da ONU desde o final da campanha de bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 1999.
A Sérvia rejeita a independência do Kosovo e propõe uma ampla autonomia, enquanto a arrasadora maioria albanesa do território reivindica a independência.
Ahtisaari, que renunciou a uma solução negociada entre as partes, afirma que chegou a hora de fixar o estatuto do Kosovo e argumenta que, se continuar a 'ambigüidade política', 'a paz e a estabilidade do Kosovo e da região' correriam perigo.
"A independência é a única garantia contra esse risco' e é também "a melhor oportunidade de uma divisão durável em relação à Sérvia', indica o mediador.
Durante um 'período inicial', o Kosovo estaria sob a supervisão de um 'pessoal civil internacional', dependente da União Européia, e de uma 'presença militar' da Otan, assinala o mediador, ao considerar 'limitada' a capacidade do território para enfrentar sozinho 'os desafios da proteção das minorias, do desenvolvimento democrático, da reativação econômica e da reconciliação'.
Segundo Ahtisaari, a supervisão internacional é 'particularmente importante' para a proteção das minorias, sobretudo os servo-kosovares que 'continuam vivendo em condições difíceis'.
Por isso, Ahtisaari propõe que os poderes do dispositivo de supervisão internacional estejam 'concentrados em setores-chave, como os direitos das comunidades, a descentralização, a proteção das igrejas ortodoxas e a Justiça'.
Essa supervisão seria exercida para 'corrigir ações' contrárias ao espírito do plano que propôs para o Kosovo e acabaria apenas depois das medidas previstas.
Ahtisaari considera que seu plano fornece as bases de 'um futuro Kosovo independente, que seja viável, durável e estável, e no qual todas as comunidades e seus membros possam viver uma existência digna e pacífica'.