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ROMA - O Senado italiano deve conceder na quarta-feira um voto de confiança para que Romano Prodi permaneça como primeiro-ministro, mas uma pesquisa de opinião pública indica que sua liderança permanece tênue.
Prodi renunciou na semana passada, nove meses depois de vencer a eleição mais acirrada da história contemporânea do país, devido a uma rebelião de parte da sua bancada no Senado em uma questão de política externa.
Mas o presidente da República, Giorgio Napolitano, deu a Prodi uma segunda chance, e ele conseguiu novamente unir a coalizão, jogando com a cartada de que do contrário o conservador Silvio Berlusconi poderia voltar ao poder.
A votação no Senado, prevista para terminar antes das 22h (18h em Brasília), deve confirmar Prodi como chefe do 61o. governo italiano desde a Segunda Guerra Mundial. Mas uma nova pesquisa mostra que apenas 4 em cada 10 italianos desejam sua permanência.
A maioria defende um governo técnico, apartidário, ou a convocação de eleições antecipadas, de acordo com a pesquisa publicada no jornal Corriere della Sera. Para 39 por cento dos entrevistados, o governo Prodi deve durar no máximo mais dois meses; outros 22 por cento apostam em uma permanência de 1 a 2 anos, mas não no cumprimento do mandato de cinco anos.
"Estes dados mostram uma elevada preocupação pública, incerteza e pessimismo com o futuro da liderança política no país", disse o pesquisador Renato Mannheimer.
As leis eleitorais italianas favorecem coalizões muito amplas, como a de Prodi, que mistura católicos de centro até comunistas radicais. Sem criar maiorias fortes, esse sistema é visto por muitos como o motivo da crônica instabilidade política do país. Prodi promete uma reforma eleitoral se for reconduzido ao cargo.
Em nove meses no cargo, Prodi várias vezes recorre à tática do "apóie-me ou derrube-me", sempre com sucesso. Mas desta vez, ao renunciar, ele tornou mais concreta a perspectiva de retorno do conservador Berlusconi.
Tal temor o ajudou a atrair parlamentares recalcitrantes, inclusive um ex-vice-premiê de Berlusconi, o que o ajudou a formar uma ligeira maioria no Senado, onde antes sua bancada era igual à da oposição de centro-direita.
Com o apoio de senadores vitalícios ("biônicos"), Prodi deve ganhar a votação da quarta-feira por 164-157 votos. Na sexta-feira acontece a votação na Câmara, onde o governo tem uma maioria muito mais tranquila.