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Jacarta mostra moda muçulmana colorida e sem estereótipos

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Reuters

JACARTA - Basta mencionar as palavras 'moda' e 'islâmica', e a maioria das pessoas pensa em longas burcas pretas e chadores sem forma.

Mas um desfile de moda islâmica promovido em Jacarta nesta terça-feira rompeu esse estereótipo, trazendo dezenas de modelos que desfilaram criações que respeitam a tradição muçulmana, mas nem por isso deixaram de ser cheias de atitude arrojada.

- A moda muçulmana não deve ser vista apenas como longas roupas pretas assustadoras. As muçulmanas também podem vestir roupas modernas e bonitas - disse Musa Widyatmojo, supervisora da associação de estilistas de moda da Indonésia. - A Indonésia dita as tendências da moda muçulmana, seguida pela Malásia.

A Indonésia é o país muçulmano de maior população no mundo. A maioria de seus habitantes segue uma forma moderada de islamismo sunita. Algumas mulheres usam lenço na cabeça, mas muitas vezes com roupas ocidentais modernas.

Na Arábia saudita, berço do islã e onde se pratica uma forma rígida da religião, as mulheres são obrigadas a usar a abaia, um manto negro que as cobre da cabeça aos pés.

Muitas muçulmanas em todo o mundo aderiram à abaia como a vestimenta islâmica correta. Em alguns casos, como no Afeganistão, elas a modificaram de forma a cobrir também o rosto.

MODÉSTIA E ESTILO

Na passarela de Jacarta, as criações expostas eram longas e soltas, e as modelos usavam lenços de cabeça. Mas não havia nada de entediante.

As modelos desfilaram criações em batique indonésio, desde blusas de seda bordadas com contas, longas saias de chiffon e túnicas floridas de manga longa, enfeitadas com penas, até vestidos tradicionais de seda bordada e calças de seda.

As contas, rendas e cores fortes deram o tom do desfile.

- Quero que as mulheres muçulmanas usem moda muçulmana todos os dias - disse Jeny Tjahyawati, uma dos oito estilistas que participaram do desfile.

- Hoje, mais e mais mulheres usam a moda muçulmana em festas. Essa moda traz conforto, já que as roupas são soltas e, além disso, protegem as mulheres de homens pervertidos quando elas andam sozinhas à noite.

Repetindo um argumento empregado frequentemente por clérigos para convencer as mulheres a cobrirem seus corpos, algumas estilistas e modelos disseram que as roupas muçulmanas modestas ajudam a prevenir as agressões sexuais contra as mulheres.

- Cobrir a cabeça com um véu é obrigatório. O véu deve cobrir as partes proibidas. A mulher é uma coisa de valor inestimável, e por isso é protegida - disse a jornalista de moda Samira Mochammad Bafagih, 25 anos. - É pouco provável que um homem seduza uma mulher de véu. Assim, me sinto mais confortável de véu quando caminho sozinha à noite. Concordo que as mulheres sem véu têm mais chances de ser seduzidas. Existem muitos casos de estupro, não é mesmo?