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Johnson diz que seu governo não renunciará após saída de ministros

Titulares da Saúde e das Finanças renunciaram nessa terça-feira

Por JORNAL DO BRASIL

Publicado em 06/07/2022 às 10:42

Alterado em 06/07/2022 às 11:40

Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante visita a escola em Kent Foto: Jeremy Selwyn / Reuters

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse nesta quarta-feira (6) que seu governo não renunciará após a saída de dois de seus mais importantes ministros (da Saúde e das Finanças).

Além disso, uma série de autoridades de menor escalão também se demitiram em protesto contra sua liderança.

Johnson afirmou a parlamentares que a economia está enfrentando momentos difíceis e que a invasão da Ucrânia pela Rússia representa a pior guerra na Europa em 80 anos.

"É exatamente o momento em que se espera que um governo continue com seu trabalho, não que renuncie", disse o premiê ao Parlamento.

 

Isolamento

Boris Johnson está ficando cada vez mais isolado, atingido pela demissão de uma série de colegas de alto escalão, que disseram que ele não está apto a governar. O premiê, no entanto, prometeu continuar lutando e dizendo que não deixará o cargo.

Ele usou uma sessão semanal de perguntas e respostas no Parlamento para tentar resistir, repetindo as justificativas para o último escândalo.

Os secretários de Finanças e Saúde de Johnson renunciaram nessa terça-feira, após a mais recente turbulência a afetar o governo, que provocou a saída de cerca de 15 políticos de baixo clero e a retirada do apoio de parlamentares leais.

Com a maré de demissões aumentando, alguns questionaram se o primeiro-ministro pode preencher as vagas.

Johnson procurou reafirmar autoridade nomeando rapidamente Nadhim Zahawi como ministro das Finanças. Mas quando o ex-secretário de Educação Zahawi apareceu, na manhã de hoje, para definir as prioridades do governo, foi confrontado com notícias de novas demissões.

O desempenho do premiê nas perguntas foi recebido com resposta silenciosa e, ocasionalmente, risadas. Um membro do próprio partido de Johnson perguntou se haveria alguma circunstância em que deveria renunciar.

Ele respondeu que só desistiria se o governo não pudesse continuar.

"Quando os tempos estão difíceis, é exatamente o momento em que você espera que o governo continue com seu trabalho, não vá embora, que continue com o trabalho e foque nas coisas que importam para as pessoas", disse Johnson ao Parlamento.

 

Hostilidades

O procurador Alex Chalk, o segundo consultor jurídico mais importante do governo, disse que o efeito cumulativo de uma série de escândalos fez com que a população não acredite mais que o governo possa manter os padrões esperados de franqueza.

"Lamento compartilhar esse julgamento", afirmou.

O nível de hostilidade que Johnson enfrenta dentro de seu partido foi visto quando ele apareceu no Parlamento para a sessão de perguntas e diante dos presidentes de comitês selecionados para um interrogatório de duas horas.

"Suspeito que teremos que arrastá-lo chutando e gritando de Downing Street", disse um parlamentar conservador à Reuters, falando sob condição de anonimato. "Mas se tivermos que fazer dessa maneira, então faremos."

Johnson, ex-jornalista e prefeito de Londres que se tornou o rosto da saída do Reino Unido da União Europeia, obteve vitória eleitoral esmagadora em 2019, antes de adotar abordagem combativa e muitas vezes caótica no governo.

Sua liderança esteve atolada em escândalos e erros nos últimos meses. O premiê foi multado pela polícia por violar leis de lockdown da covid-19 e um relatório condenatório publicado sobre o comportamento de autoridades que quebraram suas próprias regras de isolamento.

Também houve reviravoltas políticas, uma defesa malfadada de um parlamentar que violou as regras de lobby e críticas de que ele não fez o suficiente para enfrentar a crise de custo de vida,. Muitos britânicos estão em dificuldades para lidar com o aumento de preços do combustível e dos alimentos. (com Reuters e Agência Brasil)

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