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Debatedores dizem que Brasil deixou papel de mediador na América Latina

Professor da FGV afirma que não temos líderes com interesse de diálogo

Brendan Smialowski / AFP -
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As crises na América Latina têm em comum a ausência do Brasil como liderança da região, concordaram os convidados para o debate promovido pela Folha de S.Paulo nesta segunda (11), com o intuito de discutir a conjuntura política do continente.

O evento reuniu Maria Hermínia Tavares de Almeida, pesquisadora do Cebrap, Breno Altman, jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi, e Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV. A mediação foi feita pelo editor de Mundo da Folha de S.Paulo, Daigo Oliva.

Para Stuenkel, historicamente, o Brasil assumia uma posição de liderança que facilitava o diálogo entre os vizinhos. Hoje, o contexto é o oposto. "Não temos líderes na região com capacidade e interesse de diálogo."

O caráter antagônico das relações entre países da América Latina foi reiterado por Altman. Na visão do jornalista, o cenário de crise está vinculado ao que ele chama de contradição: a oposição do neoliberalismo à democracia. "Um programa neoliberal só pode ser implementado com a retirada de liberdades democráticas", afirmou.

Uma leitura conjunta, entretanto, é considerada por Almeida "uma perda de tempo". Para a cientista política, crises como a da Bolívia, Chile e Equador respondem a fatores internos muito distintos entre si. "Não existe voz única nas ruas. Soluções serão diferentes para diferentes países", analisou.

Stuenkel também comentou a relação do governo brasileiro com o presidente eleito da Argentina. Jair Bolsonaro lamentou a eleição de Alberto Fernández e disse que não pretende parabenizá-lo. "Demonizar o outro lado é sempre ótimo para as bases, mas quem paga o preço é a América Latina", disse o professor.