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Renúncia de Morales deixa vácuo político e provoca noite de violência na Bolívia

REUTERS/Luisa Gonzalez -
Manifestante em La Paz, Bolívia
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A capital da Bolívia registrou confrontos violentos na madrugada desta segunda-feira, com edifícios incendiados durante supostos ataques retaliatórios depois que Evo Morales, presidente do país desde 2006, renunciou devido à pressão resultante de uma eleição questionada no mês passado.

No domingo, Morales disse que renunciaria para apaziguar a violência que tomou conta da nação sul-americana desde a eleição, mas despertou o temor de mais tumultos ao repudiar um "golpe" contra ele e dizer que sua casa foi atacada.

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Manifestante em La Paz, Bolívia (Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)

As tensões no país, que está em ebulição há semanas, aumentaram durante a noite em meio ao vácuo político criado pela saída de Morales, seu vice-presidente e muitos de seus aliados políticos.

Na capital La Paz e na cidade de Santa Cruz, no leste, multidões comemoraram a renúncia de Morales, que provocou ira ao concorrer a um quarto mandato desafiando limites de mandatos e declarar vitória em uma eleição maculada por alegações de fraude.

Com a chegada da noite, porém, gangues percorreram as ruas saqueando negócios e ateando fogo em propriedades. Waldo Albarracín, acadêmico e figura destacada da oposição, tuitou que sua casa foi incendiada por apoiadores de Morales.

Outro vídeo muito compartilhado pareceu mostrar pessoas dentro da propriedade de Morales e pichações nas paredes depois que o líder de esquerda viajou para outra parte do país.

Inicialmente, não ficou claro quem assumirá o comando da Bolívia até a convocação de novas eleições, mas a senadora de oposição Jeanine Añez disse em comentários transmitidos pela televisão que aceitaria a responsabilidade.

De acordo com a lei boliviana, na ausência do presidente e do vice-presidente, o chefe do Senado assumiria provisoriamente -- mas a ocupante do cargo, Adriana Salvatierra, também renunciou na noite de domingo.

Parlamentares devem se reunir nesta segunda-feira para aprovar uma comissão ou parlamentar que teria o controle administrativo temporário da nação, segundo um advogado constitucionalista que conversou com a Reuters.

Um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgado no domingo disse que a eleição de 20 de outubro deveria ser anulada e que uma nova votação deveria ser realizada depois de descobrir "manipulações claras" do sistema eleitoral que criaram dúvidas sobre o triunfo de Morales.